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Salvini questiona se por trás de ONG como Open Arms estão interesses económicos

23 de outubro de 2021 às 15:56

O ex-ministro do Interior esteve na primeira audiência de um julgamento em que é acusado de sequestrar 147 migrantes que foram impedidos durante 19 dias de chegar a um porto italiano depois de resgatados no Mediterrâneo por um navio espanhol da ONG Open Arms.

O ex-ministro do Interior italiano Matteo Salvini questionou este sábado se as organizações não-governamentais (ONG) como a espanhola Open Arms, que salvam vidas de migrantes mo Mar Mediterrâneo, se movem por interesses económicos e não humanitários.

O também presidente de A Liga, partido da extrema-direita de Itália que integra a atual coligação governamental de Mario Draghi, falava aos jornalistas ao sair de um tribunal de Palermo (Sicília) após a primeira audiência de um julgamento em que é acusado de sequestrar 147 migrantes que foram impedidos durante 19 dias de chegar a um porto italiano depois de resgatados no Mediterrâneo por um navio espanhol da ONG Open Arms.

"Existem várias investigações sobre o dinheiro que as ONG ganham com esses tráficos. Não gostaria que, além das questões humanitárias, houvesse interesses económicos nesse tráfico de seres humanos", disse Salvini ao sair do "bunker" da prisão de Pagliarelli, onde decorreu a primeira audiência.

A audiência também contou com a presença do fundador e presidente da Open Arms, Oscar Camps, que se apresentou como parte civil.

"Um navio espanhol que tem de ir para a Espanha não é um abuso. Os navios espanhóis têm de voltar a Espanha, especialmente se a Espanha lhes ofereceu até dois portos, e não por capricho de um homem que talvez tenha outras intenções. É uma coisa simples, um navio com bandeira espanhola vai para a Espanha. Se a Espanha não controlar os seus navios, é um problema", afirmou Salvini sobre Camps.

Camps, antes das declarações de Salvini, limitou-se a assegurar aos jornalistas que o julgamento não tem qualquer motivação política.

"Salvar pessoas não é um crime, mas uma obrigação, não apenas para os capitães, mas para todo o Estado", frisou Camps. 

Sobre o processo associado ao julgamento, em que poderá ser condenado a penas que totalizam 15 anos, Salvini salientou que nunca se arrependeu do que fez e que só sente pena de ter tirado um tempo aos seus filhos e aos italianos "que pagam por este processo político". 

"Para o julgamento, Richard Gere virá de Hollywood. Imaginem que o processo seja aquele em que Richard Gere vem falar sobre o quão ruim eu sou", disse, aludindo ao ator norte-americano que foi admitido como testemunha, apresentado pelos advogados da Open Arms.

Por outro lado, Salvini afirmou que 12 governos socialistas na Europa protegem as suas fronteiras e "constroem muros" e que mesmo a Espanha "fez coisas em Ceuta e Melilha que nem mesmo a Itália fez". 

O ex-ministro italiano acrescentou que, desde 2019, quando ocorreu o caso Open Arms, os desembarques e mortes no Mediterrâneo multiplicaram-se por cinco e que "nesses fenómenos as ONG não são as salvadoras da pátria, mas as cúmplices".

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