Primeiro-ministro turco afasta "espírito de vingança"
Binali Yildirim revelou que o seu governo enviou dossiês aos Estados Unidos para pedir a extradição de Fethullah Güllen, acusado de ligações à tentativa de golpe de estado na Turquia
O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, defendeu que ninguém se deve mover por "espírito de vingança" contra os que estão ligados à tentativa de golpe de estado de sexta-feira para sábado na Turquia e apelou ao respeito pelo Estado de Direito.
"Ninguém pode estar num espírito de vingança. Tal é inaceitável num Estado de Direito. Hoje em dia, precisamos de unidade", disse Yildirim, numa alocução em Ancara após um encontro com o líder do Partido Republicano do Povo, Kemal Kiliçdaroglou. As declarações do chefe do executivo turco foram feitas após a publicação de imagens que parecem mostrar opositores à tentativa de golpe de Estado prontos para espancar militares que se haviam rendido.
Já Kiliçdaroglou confessou ter expressado a sua "inquietude ao primeiro-ministro". "Penso que os actos violentos sobre os soldados que nada mais fizeram do que obedecer a ordens são injustos", defendeu.
No Parlamento, antes destas declarações, Yildirim revelou que o seu governo enviou dossiês aos Estados Unidos para pedir a extradição de Fethullah Güllen, acusado de ligações à tentativa de golpe de estado.
"Enviámos quatro dossiês aos Estados Unidos para [pedir] a extradição do líder dos terroristas. Apresentámos-lhes mais provas do que aquelas que eles queriam", anunciou no parlamento, pedindo: "parem de continuar a proteger este traidor, este chefe de terroristas".
As autoridades turcas acusam Güllen, um antigo aliado do presidente, Recep Tayyip Erdogan, que se tornou o seu pior inimigo, de ser o instigador da tentativa de golpe de estado levada a cabo na madrugada do último sábado. Pregador, exilado nos Estados Unidos desde 1999 e a viver na Pensilvânia, Güllen nega estas acusações.
Binali Yildirim afirmou que o Governo turco não tem "a mínima dúvida a esse respeito, de que [Güllen] concebeu e executou" o golpe de Estado fracassado, apontando o dedo à "organização terrorista paralela", expressão que designa uma alegada rede controlada pelo opositor de Erdogan.
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