Secções
Entrar

Morreram 212 manifestantes na Nicarágua

22 de junho de 2018 às 19:22

"A acção repressiva do Estado fez pelo menos 212 mortos e 1.337", indicou observatório.

O balanço da repressão das manifestações contra o Governo na Nicarágua subiu para 212 mortos, anunciou esta sexta-feira a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH).

"A acção repressiva do Estado fez pelo menos 212 mortos e 1.337 feridos até 19 de Junho, [em pouco mais de dois meses, e] até 6 de Junho mais de 500 pessoas foram detidas", indicou a CIDH, ao apresentar o seu relatório final sobre a crise na Nicarágua. O relatório foi apresentado no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), numa sessão transmitida em directo pela televisão nicaraguense.

A CIDH concluiu que "a violência estatal visava dissuadir a participação nas manifestações e a sufocar essa expressão de oposição política", no documento com cerca de uma centena de páginas apresentado na sessão extraordinária daquele órgão da OEA, e instou ainda o Governo nicaraguense a "encontrar uma solução constitucional, democrática e pacífica para esta crise dos direitos humanos".

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Nicarágua, Denis Moncada Colindres, reagiu ao relatório da CIDH, classificando-o como "parcial" e contrapondo que "a repressão das forças sociais não é política de Estado". "A Nicarágua rejeita de forma integral o relatório da CIDH, por considerá-lo totalmente parcial", declarou Moncada Colindres numa intervenção também feita no Conselho Permanente da (OEA), com sede em Washington.

Esta sexta-feira, o país amanheceu em relativa calma, após uma intensa jornada na cidade de Masaya na qual, segundo ativistas da Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH), a intervenção dos bispos da Igreja Católica evitou "um massacre" em que teriam morrido dezenas de pessoas, num ataque iminente das "forças combinadas", compostas por polícias anti-motim, "parapolícias", "paramilitares" e grupos de choque leais ao Governo. Apesar de o ambiente continuar tenso, o comércio reabriu, embora de forma tímida, e o trânsito automóvel aumentou.

Um conjunto de homens vestidos à civil, encapuzados, com a bandeira da governante Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e fortemente armados com espingardas automáticas de assalto que só se vêem nas mãos de polícias e militares (AK-47, M16 e Dragunov) mantêm-se em pontos estratégicos de Manágua. Em cidades como Masaya, Rivas, León e na própria capital, os civis ergueram mais barricadas ou cavaram trincheiras para evitar novos ataques das "forças combinadas" do Governo do Presidente Daniel Ortega.

O diálogo nacional destinado a encontrar uma solução para a crise foi suspenso na passada segunda-feira, devido aos constantes incumprimentos do Governo dos compromissos assumidos com a Aliança Cívica para a Justiça e a Democracia.

Desde 18 de Abril que a Nicarágua está mergulhada na mais sangrenta crise sociopolítica ocorrida no país desde os anos 1980, também com Daniel Ortega como Presidente. Os protestos contra Ortega e a mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram por causa de reformas fracassadas da segurança social e transformaram-se depois em exigências de demissão do chefe de Estado, após 11 anos no poder, alvo de acusações de abuso de poder e corrupção.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela