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Marcelo defende que queimados são doentes crónicos

17 de junho de 2018 às 14:43

A realidade dos queimados "não para no momento em que há alta hospitalar", alertou Presidente da República.

O Presidente da República afirmou hoje que os queimados são doentes crónicos, considerando que os seus problemas não terminam quando recebem alta hospitalar.

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Foto: Lusa
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"Os queimados representam uma realidade, que traduz uma doença crónica", sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, que falava durante o Congresso Nacional de Queimados, indo ao encontro das reivindicações da associação que organiza o evento, que defende o estatuto de doente crónico para as vítimas de queimaduras.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a realidade dos queimados "não pára no momento em que há alta hospitalar".

Aliás, a realidade "começa aí, para aqueles que sobreviveram", notou.

"Começa aí e vai durar toda uma vida, toda uma vida pessoal, familiar, comunitária. Não mais essa realidade os vai largar, não mais essa realidade vai largar a vida dos familiares, dos amigos, dos companheiros de trabalho, dos vizinhos, dos que estão próximos da mesma comunidade", vincou o Presidente da República.

Para o chefe de Estado, ter noção dessa realidade "é ter noção de que aquilo que se impõe é renascer todos os dias por tempo indefinido".

O congresso, organizado pela Associação Amigos dos Queimados (AAQ) decorre em Pedrógão Pequeno, concelho da Sertã, e tem como tema "Renascer, um ano depois".

Durante a sessão, o presidente da AAQ, Celso Cruzeiro, voltou a reiterar a necessidade de haver um estatuto de doente crónico para as vítimas de queimaduras, por forma a terem mais apoios no tratamento e acompanhamento ao longo da vida.

Responsáveis políticos estão a fazer o que podem mas é preciso mais 
O Presidente da República afirmou hoje que os responsáveis políticos estão "a fazer o que podem" para combater os problemas evidenciados pelos fogos, mas sublinha que é preciso mais, para garantir há um empenho duradouro, prolongado e persistente.

"Ou isto serve para mudarmos mesmo de vida ou o que é que andamos a fazer aqui? Andamos os mais responsáveis dos responsáveis para quem os outros olham e dizem: "Os senhores estão aí e estão a fazer o que podem?" Acho que os responsáveis estão a fazer - todos. Mas provavelmente ainda não chega. É preciso mais", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, que falava durante o Congresso Nacional dos Queimados, que decorre em Pedrógão Pequeno, concelho da Sertã, perto de Pedrógão Grande.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "há empenho a todos os níveis" e o país já mudou depois dos grandes incêndios de 2017, mas essa mudança, vincou, tem de ser suficiente, duradoura, prolongada, persistente e constante.

Num discurso centrado na necessidade de mudança do país em relação ao interior, tal como frisou, por diversas vezes, no sábado, em Castanheira de Pêra, o chefe de Estado explicou que as intervenções que fez no passado "um pouco drásticas" relativamente à responsabilidade em relação aos incêndios não tinham "nada de táctico, estratégico ou pessoal".

Antes, a necessidade que sentia e sente de haver uma real coesão do país.

O movimento para uma mudança no interior, notou, já arrancou e "sensibilizou todos os responsáveis políticos", mas "é preciso levar mais longe aquilo que já foi feito", por forma a corresponder "às expectativas suscitadas".

Falando num congresso que tem como tema "Renascer, um ano depois", Marcelo frisou que o renascer do território já começou há muito mais tempo, seja na constituição da associação de vítimas, seja na forma como os autarcas se bateram por soluções, seja na atribuição de indemnizações às vítimas mortais e aos feridos - algo "sem precedentes no direito português".

"O renascer começou quando toda a sociedade portuguesa percebeu que havia uma responsabilidade sua - nossa - naquilo que se tinha passado. Uma responsabilidade colectiva, com décadas, porventura, com séculos de inacção ou de omissão", que criou "portugais" a diferentes velocidades, sublinhou.

No entanto, a questão, aclarou, não é saber se Portugal mudou, porque "mudou irreversivelmente" depois dos incêndios.

"Resta saber se mudou o suficiente" e se mudará de forma duradoura, disse.

"O grande desafio que se coloca agora a nós, como país, é sabermos se além de termos mudado, mudámos o suficiente. Isto é, hoje estamos aqui, um ano volvido. E daqui a um ano? Quando estivermos a poucos meses das eleições estaremos cá os mesmos? Estarão os mesmos com a mesma preocupação, com a mesma mobilização? E no ano seguinte em que não há eleições? Estaremos os mesmos a retirar as lições do passado e a construir o futuro? E os passos que vai sendo preciso dar, para além dos já dados, do que já começou, esses passos continuarão a ser dados? E compreender-se-á que o essencial só muda se deixar de haver o desconhecimento, o afastamento, a ignorância?", perguntou Marcelo Rebelo de Sousa.

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