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Governos europeus culpabilizados pela situação da Grécia

29 de junho de 2015 às 17:30

Catarina Martins questionou se a Europa é um lugar de "ditadura da finança" e acusou Portugal de fazer privatizações "não transparentes"

A porta-voz do BE responsabilizou hoje os governos europeus e a Comissão Europeia pela falta de um acordo com a Grécia e acusou o Governo português de fazer "privatizações ao desbarato". 

 

"O relatório do Tribunal de Contas (TdC) diz-nos que a venda da REN (Redes Energéticas Nacionais) e da EDP (Energias de Portugal) foi feita ao desbarato, ou seja, foi feita muito abaixo do seu valor, e que, em 15 anos, quem comprou a EDP e a REN já terá ficado com os dividendos de todo o seu investimento. Ou seja, o Estado perdeu dinheiro, terá perdido cerca de dois mil milhões de euros", disse.

 

"E hoje, quando sabemos que o Governo está a tentar vender a TAP e a concessionar a privados os transportes colectivos de Lisboa e Porto, com o mesmo tipo de contractos não transparentes, que todos saibam que o que está em causa é, exactamente, continuar o assalto ao país, com intermediários que ficam indevidamente com dinheiro, com contractos que são lesivos do interesse público, com o país refém de privados, porque nem sequer há sanções para obrigar a cumprir os cadernos de encargos", acrescentou.

 

Catarina Martins falava aos jornalistas depois de uma visita à fábrica de automóveis da Autoeuropa, em Palmela, que considerou um exemplo pela capacidade de definir uma estratégia de "longo prazo", o oposto do que, na opinião da porta-voz do BE, tem sido a política do governo português ao prosseguir com a privatização de empresas estratégicas, que considerou a pior opção para o país.

 

Sobre a situação da Grécia, Catarina Martins desvalorizou a retirada unilateral das negociações com os credores por parte das Grécia, defendendo que a ausência de um acordo se deve, fundamentalmente, à alegada "irresponsabilidade dos Governos e da Comissão Europeia, que consideram que podem empurrar um país para fora do euro, para tornar a austeridade como a única política na Europa".

 

"De facto, o que está hoje em causa não é um acordo sobre onde é que que a Grécia vai ter, ou não, dinheiro para pagar as suas dívidas; o que está hoje em causa é, tão e somente, se há lugar para a democracia na Europa, ou se a Europa é um lugar da ditadura da finança", disse.

 

"Irresponsabilidade foi levar a dívida grega a mais de 200% do PIB (Produto Interno Bruto), irresponsabilidade foi ter 60% de desemprego jovem na Grécia, irresponsabilidade foi ter excluído três milhões de pessoas, na Grécia, do acesso aos cuidados mais básicos de saúde. E tudo isso foi feito pelos governos de direita e pelos socialistas na Grécia, parceiros de Jean Claude Juncker", concluiu a porta-voz do BE.

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