Secções
Entrar

Fechar após Natal causa "desânimo" nas Discotecas do Sul e Algarve

21 de dezembro de 2021 às 19:17

Liberto Mealha argumentou que na passagem do ano é quando "não só os trabalhadores recebem a dobrar, como os empresários também têm possibilidade de cobrar mais", por se tratar de um "dia do ano especial".

Os empresários estão "preocupados" e "desiludidos" com a decisão de encerrar as discotecas a partir de sábado, anunciada esta terça-feira pelo Governo para conter a pandemia de covid-19, disse o presidente da Associação de Discotecas do Sul e Algarve.

O anúncio feito pelo primeiro-ministro, António Costa, vai obrigar as discotecas a fecharem logo após o Natal e impede os empresários de aceder ao encaixe financeiro da passagem do ano, um período "em que mais se fatura" e que era visto pelas empresas como uma "ajuda no meio dos problemas todos" causados ao setor da diversão noturna pela pandemia e pelas restrições adotadas para a conter, disse o presidente da associação, Liberto Mealha.

"Eu penso que os empresários não estavam a contar com isto, porque, na verdade, é sempre nas alturas em que se prevê uma melhor faturação ou um melhor período de trabalho que surgem as restrições", afirmou à agência Lusa o presidente da Associação de Discotecas do Sul e Algarve (ADSA), numa primeira reação ao anúncio feito pelo Governo.

Liberto Mealha argumentou que na passagem do ano é quando "não só os trabalhadores recebem a dobrar, como os empresários também têm possibilidade de cobrar mais", por se tratar de um "dia do ano especial".

Mas, a adoção de uma "nova semana de contenção", a juntar à anunciada para o período entre 02 e 09 de janeiro de 2022, "faz cair por terra esta futura receita, que muito vinha ajudar" os empresários, afirmou.

Quanto aos apoios prometidos por António Costa para compensar o setor por este encerramento, e que incidem sobre o apoio ao 'lay-off' simplificado e o acesso ao programa Apoiar.pt, Liberto Mealha disse que "não são significativos".

"O 'lay-off' simplificado para uma semana ou duas, o que é que isso representa? Importante era um 'Apoiar' a fundo perdido, mas de que maneira? Vão fazer uma comparação com o ano anterior, em que já não podíamos trabalhar? Este ano também não vamos poder trabalhar, não há comparação possível de receita para se poder receber 20% a fundo perdido, portanto também não dá nada", sustentou.

Estes mecanismos anunciados para apoiar as discotecas representam assim "pouco" e "não compensam ter de fechar nesta altura do ano", que é uma das que mais procura gera para as empresas do setor localizadas no Algarve, acrescentou.

"O vírus vem em má altura - mais outra variante em má altura - mas na verdade estas medidas também vieram em má altura. Todos nós estamos aqui com intenções de conseguir sobreviver, já vão dois anos, andamos aqui com uma variante e outra, e isto começa a ficar um bocado sufocante economicamente para as empresas e os empresários", advertiu.

Liberto Mealha disse ainda que as restrições hoje anunciadas ao funcionamento das discotecas deixam os empresários da noite com um sentimento de "desânimo" e "preocupação".

"Todos eles estão desanimados com isto e preocupados com o futuro. A atividade mais penosa é sempre a mesma, os bares e discotecas, que são os que sofrem mais e não sei quando isto vai mudar", afirmou ainda o presidente da ADSA.

A obrigatoriedade de encerramento das discotecas, em vigor a partir das 00:00 de sábado, foi anunciada em conferência de imprensa pelo primeiro-ministro, António Costa, em Lisboa, após um Conselho de Ministros extraordinário em que foi deliberado antecipar também medidas como a obrigatoriedade do teletrabalho, devido ao aumento do número de casos de covid-19.

Atualmente, os bares e discotecas - que reabriram em outubro pela primeira vez desde o início da pandemia de covid-19 em Portugal, após 19 meses parados -- são acessíveis apenas com a apresentação de teste negativo (antigénio ou PCR) ou de certificado de recuperação, mesmo para pessoas vacinadas contra o SARS-CoV-2.

Os clientes não têm de usar máscara nestes espaços, ao contrário dos trabalhadores, segundo a Direção-Geral da Saúde.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela