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Costa lembra "enorme responsabilidade" de atribuir à Ucrânia estatuto de candidato

23 de junho de 2022 às 21:20

O primeiro-ministro realçou a "desilusão" que países que aguardam há anos uma resposta por parte da União Europeia.

O primeiro-ministro português, António Costa, sublinhou a "enorme responsabilidade" da União Europeia (UE) ao atribuir o estatuto de candidato à Ucrânia, pedindo que não se criem "frustrações que resultarão num amargo futuro", dadas as longas negociações.

"A notícia do dia, como seria de esperar, foi o apoio por parte do Conselho Europeu à recomendação da Comissão de atribuir o estatuto de países candidatos à Ucrânia e à Moldova, [...] mas infelizmente o dia ficou também marcado pela desilusão que muitos países dos Balcãs Ocidentes manifestaram relativamente às expectativas europeias", disse o chefe de Governo, falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas, à margem de uma cimeira europeia em Bruxelas.

Falando depois de os líderes da UE terem aprovado a atribuição de estatuto de candidato à Ucrânia, António Costa recordou "a desilusão" dos países dos Balcãs Ocidentais, que negociam há anos a adesão à UE, numa cimeira também realizada hoje, que "sinaliza a todos, mais uma vez, [...] a enorme responsabilidade de a UE não criar falsas expectativas e de não gerar frustrações que, necessariamente, serão um amargo futuro".

Avisando que o processo de negociações com vista a tal adesão será "necessariamente longo", o primeiro-ministro defendeu uma relação com Kiev "leal, empenhada e correta".

E adiantou que "é preciso que a UE também se prepare" em termos institucionais e orçamentais "para o processo de integração ser um caso de sucesso e não seja um fator de enfraquecimento da União e de frustração para os próprios países".

"Até fui muitas vezes incompreendido por ter chamado várias vezes a atenção de que a UE tinha de ter o sentido de responsabilidade e de compreender que não pode gerar falsas expectativas [já que] no passado e no presente temos pago um custo elevado na credibilidade da União por essa gestão de expectativas, referiu António Costa.

Para o chefe de Governo, "a Ucrânia, um país que está em guerra e a sofrer com a invasão bárbara por parte da Rússia é o último que a UE pode frustrar nas suas expectativas", devendo ocorrer agora um "trabalho muito sério".

Os chefes de Governo e de Estado da UE concordaram hoje em atribuir o estatuto de candidato à Ucrânia e também à Moldova, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, falando num "momento histórico".

A decisão dos chefes de Estado e de Governo ocorre menos de uma semana depois de a Comissão Europeia ter adotado recomendações no sentido de ser concedido o estatuto de países candidatos à adesão à Ucrânia e Moldova e dada "perspetiva europeia" à Geórgia, parecer também hoje adotado pelos 27.

Os três países solicitaram a adesão já depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro, tendo Kiev sido a primeira capital a fazê-lo, quatro dias a seguir ao início da ofensiva, enquanto Moldova e Geórgia apresentaram as suas candidaturas em março.

As atenções estavam inevitavelmente centradas na decisão sobre a Ucrânia, e a concessão do estatuto de candidato já era considerado um dado adquirido sobretudo desde que, há precisamente uma semana, os líderes das três maiores economias da União -- o chanceler alemão Olaf Scholz, o Presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro italiano Mario Draghi -- se deslocaram a Kiev para expressar em conjunto o seu apoio à concessão do estatuto com efeito "imediato".

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