Secções
Entrar

Baixo consumo de peixe durante gravidez pode afetar desenvolvimento das crianças

14 de julho de 2020 às 09:34

Alimentação insuficiente em ácidos gordos ómega 3 tem "impacto negativo do desenvolvimento dos cérebros dos bebés", sendo o período mais crítico entre o terceiro trimestre da gravidez e os primeiros meses de vida.

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) mostra que um baixo consumo de peixe durante a gravidez pode ter impacto negativo e afetar o neurodesenvolvimento das crianças, foi hoje anunciado.

Em comunicado, a FMUP avança hoje que o estudo mostra que uma alimentação insuficiente em ácidos gordos ómega 3 tem "impacto negativo do desenvolvimento dos cérebros dos bebés", sendo o período mais crítico entre o terceiro trimestre da gravidez e os primeiros seis meses de vida.

O estudo, coordenado pela professora Margarida Figueiredo Braga, revela ainda que a carência destes ácidos gordos nos bebés, em especial nos nascidos antes das 37 semanas de gestação, pode originar um "pior desempenho cognitivo e da linguagem, menos habilidades motoras, menos competências sociais e comunicacionais e mais problemas de comportamento".

Citada no comunicado, Margarida Figueiredo Braga afirma que "uma ingestão baixa de peixes ricos em DHA (ácido docosahexaenoico) pode comprometer o neurodesenvolvimento" das crianças, associando-se a Perturbações do Espetro do Autismo e a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). 

Nesse sentido, os investigadores acreditam que um consumo mais elevado de peixe durante a gravidez e a amamentação até aos seis meses de idade (uma vez que os ácidos gordos também estão presentes no leite materno ainda que em quantidades "altamente variáveis") estão relacionados com "um melhor desempenho neurocognitivo das crianças".

"Há mesmo evidência de que uma ingestão adequada de ómega 3, através quer do peixe quer da amamentação, pode conferir alguma proteção contra o autismo", refere a FMUP, acrescentando poder também "prevenir ou mitigar os sintomas de Hiperatividade e Défice de Atenção".

Apesar disso, Margarida Figueiredo Braga salienta que são necessários "mais estudos que clarifiquem o papel dos ácidos gordos neste tipo de perturbações e que prevejam quais as grávidas e crianças que mais irão beneficiar com uma suplementação ou otimização da dieta".

No comunicado, a FMUP acrescenta ainda que as autoridades de saúde aconselham às mulheres que estão a tentar engravidar e às grávidas o consumo de duas a três porções de peixe, preferencialmente com menor teor de mercúrio, por semana.

O estudo contou também com a participação de investigadores do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela