O momento da Europa para a antecipação estratégica*
Os decisores políticos europeus continuam a ser ‘surpreendidos’ por acontecimentos e incerteza. Mais atividade prospetiva na Europa é certamente bem-vinda.
Os decisores políticos europeus continuam a ser ‘surpreendidos’ por acontecimentos e incerteza. Mais atividade prospetiva na Europa é certamente bem-vinda.
Uma das ideias centrais é dotar Portugal de uma “visão” de futuro e de “agilidade” para fazer face a um mundo em constante mudança e aceleração.
É excelente poder dizer que a UE já aprovou 18 pacotes de sanções e vai a caminho do 19º. Mas não teria sido melhor aprovar, por exemplo, só cinco pacotes muito mais robustos, mais pesados e mais rapidamente do que andar a sancionar às pinguinhas?
É duro visitar um cemitério de guerra com jovens rapazes ucranianos que estão próximos de completar as idades com a quais ou não podem sair da Ucrânia (a partir dos 23 anos – entre os 18 e os 22 anos podem agora ausentar-se do país), ou podem vir a ser chamados a defender o seu país (a partir dos 25 anos).
O ano de 2025 tem sido exigente para a Europa ao nível interno e externo e, mesmo com as baterias carregadas pelo tempo estival, será difícil esconder as dificuldades: apesar das aparências, tem havido mais desunião que união e, sem ela, o nosso futuro coletivo não será muito promissor.
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Junho está a acabar e julho promete continuar quente quando se aproxima o prazo para resolver as disputas comerciais com a América de Trump. É melhor estarmos preparados para o que ainda pode vir antes de irmos a banhos.
A 1 de Janeiro de 1986, os portugueses veriam, finalmente, "Portugal na CEE." Era o começo de um novo desígnio que, apesar do caminho já percorrido, está ainda longe de ser cumprido
Neste processo de reconciliação entre europeus e britânicos há, pelo menos, dois riscos: o Presidente Trump e política doméstica em Inglaterra.
O que falta para encher o resto do copo é, por um lado, preservar as conquistas do projeto europeu relativamente à paz, ao progresso e à prosperidade e, por outro, encontrar a unidade e a ambição para fazer o que ainda não foi feito.
Os disparos da administração em múltiplas frentes, apesar de caóticos, parecem fazer parte de uma estratégia que visa inundar e assoberbar o espaço político-mediático tentando neutralizar qualquer oposição dada a quantidade de medidas que já foram tomadas.
Um mundo menos democrático e menos livre é um mundo mau para a UE e para os europeus e, principalmente, para todos aqueles que sofrem na pele as arbitrariedades do poder.
É impossível não estabelecer paralelos entre Erdogan e Imamoglu. A popularidade do atual presidente turco, que já teve melhores dias, desponta no final dos anos 1990 justamente por, enquanto presidente de câmara de Istambul, ter sido detido por recitar um poema do começo do século XX.
O que se vem passando nas últimas semanas nos EUA especialmente no que toca à fixação do Presidente Trump em forçar um acordo de paz entre a Ucrânia e Rússia a qualquer preço, assumindo em certos momentos a narrativa de Moscovo, aponta para uma transformação da política externa americana mais profunda
O que está em jogo é, então, o futuro da Ucrânia, primeiro, e da Europa, depois. As próximas semanas vão ser decisivas e há ainda muito por fazer.