Sábado – Pense por si

A noite mais sangrenta da primeira República foi há 100 anos

Sara Capelo
Sara Capelo 20 de outubro de 2021 às 09:50

A camioneta-fantasma perseguiu e chacinou republicanos de topo pelas ruas de Lisboa. António Granjo, já demissionário, acabou com balas na cabeça, pescoço, braços e pernas.

Segundos antes de morrer, António Granjo ouviu o desprezo dos algozes: "Supunhas que escapavas?!" O presidente do ministério (equivalente a primeiro-ministro) demissionário estava escondido num quarto simples do primeiro andar da casa da guarda no Arsenal da Marinha. "Matem-me, que matam um bom republicano." Os três militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) e um número desconhecido de marinheiros - provavelmente já bem bebidos pelas celebrações da revolta que na manhã desse 19 de Outubro de 1921 depusera o governo de Granjo - dispararam, em raiva (houve quem falasse em 400 tiros). Quando o político liberal tombou, em agonia, deram-lhe uma coronhada que lhe partiu o maxilar e um clarim da Guarda, que lideraria o grupo, rasgou-lhe o tronco com um sabre e gritou: "Vejam de que cor é o sangue de porco!"

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