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Vítimas pedem 327.000 euros a polícias acusados de agressões na Cova da Moura

28 de junho de 2018 às 18:00

Na acusação, o Ministério Público considera que os agentes agiram com ódio racial, de forma desumana, cruel e tiveram prazer em causar sofrimento.


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Foto: Tiago Sousa Dias / Correio da Manhã
Foto: Cofina Media
Foto: Cofina Media

Seis jovens da Cova da Moura, concelho da Amadora, alegadamente agredidos e alvo de insultos racistas por parte de 17 polícias da Esquadra de Alfragide, reclamam em tribunal uma indemnização aos arguidos superior a 327.000 euros.

No Pedido de Indemnização Civil (PIC) -- apresentado em conjunto -, a que a agência Lusa teve esta quinta-feira acesso, os seis jovens pedem que os arguidos sejam condenados a pagar, entre todos, uma indemnização total de 327.000 euros, a título de danos patrimoniais e não patrimoniais, incluindo despesas relativas a tratamentos, reparações de danos e deslocações.

O valor pedido é justificado com a tipologia de crimes de que os arguidos estão acusados, "todos tendo por base motivos de origem étnica e sendo praticados por agentes de segurança pública a quem cabe a maior missão de protecção dos cidadãos".

Os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) respondem por denúncia caluniosa, injúria, ofensa à integridade física e falsidade de testemunho, num caso que remonta a 5 de Fevereiro de 2015, por supostas agressões a seis jovens, na Cova da Moura e no interior da Esquadra de Alfragide.

Os arguidos, que começaram a ser julgados em 22 maio, no Tribunal de Sintra, estão também acusados dos crimes de tortura e outros tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos, de sequestro, de omissão de auxílio e de falsificação de documento.

Em julgamento, todos os 17 arguidos prestaram declarações para negar os crimes os factos ilícitos descritos na acusação do Ministério Público (MP).

Na última sessão foi ouvido a primeiro dos jovens, que confirmou as agressões e os insultos racistas alegadamente praticados pelos polícias, que foram impedidos pelo tribunal de assistirem ao depoimento.

Nessa sessão, realizada na terça-feira, o procurador do MP pediu que as seis vítimas, que se constituíram assistentes no processo, e duas das testemunhas, fossem inquiridas na ausência dos arguidos na sala de audiências, com base no estatuto das vítimas de criminalidade violenta, consideradas especialmente vulneráveis.

A próxima sessão ficou agendada para as 13:45 de 10 de julho, com a inquirição de duas testemunhas.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), os elementos da PSP, à data dos factos a prestar serviço na Esquadra de Intervenção e Fiscalização Policial da Amadora, espancaram, ofenderam a integridade física e trataram de forma vexatória, humilhante e degradante as seis vítimas, além de incitarem à discriminação, ao ódio e à violência por causa da raça.

A acusação refere que, além das agressões, os jovens foram alvo de frases xenófobas e racistas, alegadamente ditas pelos arguidos durante o período de detenção nas esquadras de Alfragide e da Damaia, bem como no trajecto para o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, onde pernoitaram "deitados no chão" e algemados.

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