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Vítima de violência doméstica contou em tribunal agressões ao longo de 35 anos

27 de março de 2019 às 18:26

"Foi sempre assim a minha vida. Ele batia por tudo e por nada", relatou a mulher, de 53 anos.

Uma vítima deviolência domésticadisse, esta quarta-feira, ao tribunal de Baião ter sofrido agressões físicas e ameaças de morte, por parte do marido, nos 35 anos de casamento, ao ponto de ter tentado duas vezes o suicídio. "Foi sempre assim a minha vida. Ele batia por tudo e por nada", contou a mulher, de 53 anos.

As declarações da vítima determinaram que o arguido fosse retirado da sala de audiência de julgamento.

Falando, por videoconferência, no julgamento do marido, que responde por violência doméstica, a partir de uma casa de abrigo, onde se encontra desde junho de 2018, para onde fugiu, a mulher relatou várias situações de agressões físicas que lhe provocaram lesões.

Num momento da vida conjugal, relatou, tentou o suicídio com comprimidos, o que obrigou a internamento hospitalar para desintoxicação.

A mulher contou que o arguido a ameaçava frequentemente com a compra de uma caçadeira para a matar e referiu um momento em que o alegado agressor lhe encostou uma faca de cozinha ao pescoço.

A vítima, que se constituiu assistente no processo, afirmou hoje também ter sido vítima de agressões verbais, "numa vida em que tudo era controlado" pelo marido, incluindo o próprio telemóvel.

"Eu tinha muito medo dele", disse várias vezes ao tribunal, o que justificou, insistiu, a saída da sua casa, em Baião, quatro vezes. Nas três primeiras situações, admitiu, acabou por voltar à residência, face às promessas de mudança de comportamentos por parte do marido.

A vítima chegou também a apresentar duas queixas na polícia, mas acabou por retirá-las, após ameaças do agressor, segundo contou.

O último episódio foi no dia 6 de junho de 2018, quando ocorreram novas agressões físicas com um cinto, um sapato, pontapés e murros, em vários pontos do corpo, que relatou com pormenor.

"Fiquei toda negra", referiu ao tribunal, contando que, não aguentando mais, acabou por fugir, dois dias depois, apresentando queixa nas autoridades policiais, numa cidade próxima.

"Esse senhor é muito perigoso", exclamou.

No início do julgamento, o arguido, de 55 anos, agricultor, disse não pretender prestar declarações. Contudo, no final, depois de lhe ter sido feita a súmula das palavras da vítima ao tribunal, declarou pretender falar, o que ficou adiado para a próxima audiência, marcada para o dia 4 de abril, também no Tribunal de Baião.

O alegado agressor encontra-se em prisão preventiva no âmbito de outro processo, no qual está acusado de dois crimes de tentativa de homicídio.

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