Paralisação está marcada para a próxima quinta-feira.
O secretário-geral da UGT está convicto de que a greve geral convocada para quinta-feira, em convergência com a CGTP, "não vai falhar", antecipando uma resposta "firme e determinada dos trabalhadores" face ao anteprojeto de revisão da lei laboral.
Mário Mourão (UGT) lamenta proposta do Governo, após anúncio da greve geral em dezembroMANUEL DE ALMEIDA/LUSA
"A nossa expectativa é que haja uma resposta firme e determinada dos trabalhadores, porque o que está em cima da mesa com este anteprojeto é, de facto, uma proposta que tem um impacto muito negativo na vida das pessoas e na vida das famílias em Portugal", afirmou Mário Mourão, em entrevista à agência Lusa, a propósito da greve geral convocada para 11 de dezembro.
Perante os "vários plenários" em que esteve presente e onde verificou que "os trabalhadores estavam descontentes com a proposta que está em cima da mesa", o líder da UGT antecipa uma forte adesão à greve geral, que volta a juntar as duas centrais sindicais 12 anos depois.
"Não vai falhar esta greve", afirma.
Mário Mourão reiterou ainda que a paralisação foi convocada à luz do impasse negocial vivido, dado que houve "várias reuniões bilaterais com o Governo" e a proposta mantinha-se igual desde que foi apresentada, em 24 de julho, pelo que a central sindical " não viu outra alternativa que não fosse vir para a rua".
Já depois do anúncio da greve geral, a ministra do Trabalho entregou à UGT uma nova proposta. "A proposta melhorou num ou noutro aspeto", admite o líder da UGT, dando o exemplo das questões ligadas à amamentação, parentalidade ou do aumento de 14 para 15 dias na compensação por despedimento coletivo.
No entanto, considera que as cedências são "inócuas" e que estão, por isso, "muito longe" de um acordo com o Governo.
Em entrevista à Lusa, o secretário-geral da UGT volta a apontar o alargamento no prazo dos contratos a termo certo e a termo incerto, o regresso do banco de horas individual "eliminando o banco de horas grupal" ou a revogação da norma que estabelece restrições ao 'outsourcing' (contratação de trabalho externo), durante um ano, após despedimentos, como algumas das medidas que consideram mais gravosas.
No que toca ao 'outsourcing', Mário Mourão argumenta que este levou à extinção de "milhares de postos de trabalho" no setor financeiro "há uns anos" e que com a alteração proposta pelo Governo, abre-se a porta a que as empresas "no seguinte a fazerem o despedimento coletivo" possam "contratar outra empresa para fazer o serviço mais barato".
Por outro lado, no que toca ao alargamento do prazo dos contratos defende que vai aumentar a precariedade e trará mais entraves aos jovens que entrem no mercado de trabalho com contratos a prazo e queiram pedir um empréstimo para a compra de casa.
"Como é que o trabalhador pode sentir condições, por exemplo, para ir pedir um empréstimo ao banco para a aquisição [de uma casa]? Se tiver a contrato a prazo, o banco naturalmente lhe criará as maiores dificuldades", argumenta, considerando que a proposta não cria "condições" para que os jovens se fixem em Portugal.
Para a UGT, a atual proposta do Governo, que está ainda a ser discutida na Concertação Social, é "ideológica" e não resolve os problemas que o mercado laboral e empresarial enfrentam, nomeadamente os baixos salários ou a necessidade de impulsionar as micro e pequenas empresas a ganhar escala.
"A nossa economia está a funcionar, as empresas estão a funcionar. O problema que o país tem é a falta de mão-de-obra e os baixos salários", argumenta Mário Mourão, referindo que esta proposta vem introduzir "um fator de instabilidade nas empresas".
"É uma proposta muito confortável para a entidade patronal", acrescenta, referindo ainda que se trata "mais de um ajuste de contas com a Agenda do Trabalho Digno do que uma proposta para resolver os problemas" que Portugal enfrenta na área laboral.
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