Secções
Entrar

Tourada polémica na Feira adiada para 14 de maio

29 de abril de 2017 às 12:32

Iniciativa não obteve o devido licenciamento da Câmara Municipal, mas organizadores continuaram a publicitá-la e a vender os respectivos bilhetes

A tourada que estava anunciada para segunda-feira em Santa Maria da Feira, embora não autorizada pela autarquia e criticada pelo Bloco de Esquerda (BE), foi adiada para 14 de Maio, anunciou o seu promotor privado.

Em causa está o evento que a empresa Suprema Rotação se propunha realizar numa praça de touros amovível instalada em terrenos privados da freguesia de Lourosa. A iniciativa não obteve o devido licenciamento da Câmara Municipal da Feira, mas, apesar disso, os organizadores continuaram a publicitá-la e a vender os respectivos bilhetes, pelo que a coordenação local do BE convocou uma manifestação de protesto também para o feriado.

Em comunicado a que aLusateve hoje acesso, a promotora do evento adia a corrida de touros para 14 de Maio e explica: "O adiamento é uma consequência de problemas de licenciamento levantados pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira sobre a montagem da praça e serão resolvidos no local jurídico adequado".

A empresa acredita que a via judicial lhe conferirá autorização para avançar com a iniciativa porque "os municípios não têm qualquer poder ou autoridade sobre a realização de corridas de touros, sendo ilegal qualquer tentativa de proibição ou impedimento desta actividade cultural, definida pelo Estado como parte integrante do património cultural português".

O comunicado realça, por isso, que "o Estado está constitucionalmente obrigado a promover a cultura e o acesso de todos os cidadãos à mesma".

Contactado pelaLusa, o presidente da autarquia, Emídio Sousa, recorda as razões pelas quais o evento não foi licenciado: "Sou contra a realização deste tipo de espectáculo no concelho de Santa Maria da Feira, porque não temos nenhuma tradição de touradas e isso não integra a nossa cultura. Como tal, a Câmara não autorizou a tourada nem vai autorizar qualquer outra que pretendam realizar aqui, pelo menos durante a minha gestão".

O autarca reconhece, contudo, que a empresa Suprema Rotação poderá recorrer judicialmente da decisão da Câmara e ver concretizado o seu objectivo, que não está proibido pela legislação nacional. "Se o tribunal autorizar a tourada, aí já não podemos fazer nada - nesse caso a decisão é superior e teremos que a acatar", declara.

Já para o Bloco de Esquerda, qualquer tourada será sempre encarada como "um evento bárbaro e vergonhoso, que, baseado na tortura de animais, incita ao ódio e à violência, e não tem lugar no século XXI nem no concelho de Santa Maria da Feira".

A coordenação local do partido marcou, por isso, uma manifestação anti-tourada junto à praça tauromáquica instalada em Lourosa, apelando para o efeito à participação de "todos aqueles que, independentemente da sua cor partidária, se opõem a actos de violência contra os animais".

O protesto esteve marcado para segunda-feira, mas, na sequência do adiamento da tourada, também ele foi já reprogramado para o dia 14 de Maio.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela