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Raimundo acusa Montenegro de querer impor "lei à americana" dos despedimentos

Lusa 05 de dezembro de 2025 às 13:00

O anteprojeto do Governo de revisão do Código de Trabalho foi o único tema em discussão entre o primeiro-ministro e o líder do PCP.

O secretário-geral do PCP e o primeiro-ministro travaram esta sexta-feira um debate duro sobre a reforma laboral, com Paulo Raimundo a acusá-lo de querer impor uma "lei à americana" dos despedimentos e Luís Montenegro a criticar "preconceitos" comunistas.
TIAGO PETINGA/LUSA
No confronto entre Paulo Raimundo e Luís Montenegro, no debate quinzenal, no parlamento, o anteprojeto do Governo de revisão do Código de Trabalho foi o único tema em discussão. "Os senhores querem impor uma lei à americana: Estás despedido e escusas de cá voltar amanhã", declarou o secretário-geral do PCP já no fim do confronto com o líder do executivo. O secretário-geral do PCP começou a sua intervenção com uma pergunta ao primeiro-ministro sobre o número de trabalhadores precários existentes em Portugal. Mas Luís Montenegro respondeu a Paulo Raimundo com uma contra pergunta, questionando-o se, então, o PCP pretende apoiar alterações à lei laboral em vigor. O secretário-geral comunista reagiu logo a seguir: O senhor primeiro-ministro não sabe ou não quer dizer qual a taxa de precariedade hoje em Portugal". "É de 30%, gente que vive no arame todos os dias, gente que não tem condições de poder aceder a uma habitação. Estamos a falar de 2,7 milhões de trabalhadores que trabalham em horários desregulados, sem tempo para si, sem tempo para a sua família", apontou. Perante este quadro, o secretário-geral do PCP disse que o Governo ainda pretende "mais precariedade, mais banco de horas e mais desregulação dos horários e despedimentos em justa causa". O primeiro-ministro contrapôs que o PCP revelou "preconceito" e sustentou que numa economia competitiva haverá sempre trabalho por turnos, assim como horários de trabalho diferenciados. Neste contexto, invocou casos que se verificam atualmente em empresas tecnológicas, "onde jovens engenheiros informáticos, nomeadamente, fazem questão de não assinar vínculos permanentes". Paulo Raimundo pegou precisamente neste ponto para lançar a sua segunda pergunta a Luís Montenegro: "Na lei atual, alguém que tem contrato permanente está impedido de mudar de emprego?" Luís Montenegro, porém, alegou não querer entrar "numa discussão casuística". "Queremos uma relação de trabalho que favoreça a estabilidade, a previsibilidade do trabalhador e favoreça a competitividade e a produtividade da economia", respondeu o líder do executivo. Uma resposta que levou Paulo Raimundo a assinalar que, na lei em vigor, "não há nenhum artigo, nada que impeça um trabalhador efetivo, se quiser, ter a liberdade toda para se despedir e ir trabalhar para onde a entender". O primeiro-ministro contrapôs que o tom com que Paulo Raimundo acabou a sua intervenção "e a forma como encara a discussão da reforma laboral estão datados e revelam precisamente a circunstância de alguém que não está a olhar para o futuro, não está a olhar para o progresso, não está a olhar para construir, mas está a olhar para manter tudo na mesma".
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