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Portugal é dos países com mais filhos únicos e com mais idosos

08 de julho de 2015 às 13:52

Entre 1986 e 2013 o país passou de um extremo ao outro na generalidade dos rankings de envelhecimento na zona euro

Portugal é o terceiro país da União Europeia (UE) com mais filhos únicos e está entre os países com mais idosos, segundo o estudo Três Décadas de Portugal Europeu.

 

O trabalho coordenado por Augusto Mateus e encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, revela que entre 1986 e 2013, Portugal passou de um extremo ao outro na generalidade dos rankings de envelhecimento da UE, superando a média comunitária e aproximando-se de países como Alemanha, Itália, Espanha, Grécia ou Bulgária.

 

Em 1986, o país contava com 23% de jovens e 12% de idosos, mas hoje menos de 15% são jovens e os idosos, que viram a sua esperança média de vida aumentar seis anos e meio nos últimos 28 anos, representam já um quinto da população.

 

Em 2013 era o quinto Estado-membro com mais idosos por cada jovem.

 

A despesa com pensões de velhice e sobrevivência acompanhou esta tendência, passando de 40% em 1990 para 55% do total de prestações sociais em 2012, num total de 14% do PIB.

 

Entre 1986 e 2013, a taxa de mortalidade manteve-se em torno dos dez óbitos por mil habitantes, mas a taxa de natalidade caiu de 12 para menos de oito nascimentos por mil habitantes.

 

No que diz respeito à maternidade, Portugal ultrapassou a barreira dos 30 anos na idade da mãe aquando do nascimento do primeiro filho, que é também, cada vez mais, o único.

 

Portugal é o terceiro Estado-membro no ranking dos filhos únicos, mas cai para 25.º lugar entre os países com dois filhos e desce para o 27.º entre os que têm agregados familiares com três ou mais filhos.

 

Mesmo assim, Portugal é o oitavo Estado-membro na proporção de agregados com filhos, ficando acima da média europeia.

 

Desde a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE), a dimensão média das famílias portuguesas desceu de 3,3 para 2,6 pessoas, com os efeitos da crise a reflectirem-se também nos comportamentos das estruturas familiares: em 2013, o número de casais com filhos recuou ao nível da crise de 1993 e as famílias monoparentais caíram, pela primeira vez, desde 2003.

 

"A degradação do mercado de trabalho e as implicações em termos salariais têm sido determinantes nesta evolução", destaca o mesmo documento, salientando que "na última década, Portugal foi o país em que o peso das remunerações líquidas no rendimento disponível das famílias mais caiu".

 

Portugal passou assim do 14.º lugar entre os países com um peso salarial mais elevado, que ocupava em 2002, para a posição de quarto valor mais reduzido, em 2013.

 

Entre 1999 e 2008, os passivos das famílias cresceram três vezes mais do que os activos (170% contra 50%), o que se traduziu numa diminuição do património financeiro de 250% para 150% do rendimento disponível, enquanto a nível europeu permaneceu acima dos 220%.

 

No decorrer da integração europeia, as famílias portuguesas reduziram a sua propensão a poupar e a taxa de poupança reduziu-se de 12,5% em 1995 para 10% em 2013, enquanto o nível de endividamento aumentou de 35% para 118% do rendimento disponível.

 

Entre 1999 e 2009, num período de crescente endividamento europeu em que só a Alemanha foi excepção, o aumento do peso da dívida no rendimento das famílias portuguesas foi superior a 50 pontos percentuais, cerca de duas vezes mais intenso que o padrão europeu.

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