Secções
Entrar

Pode haver 30 milhões de toneladas de lítio em Montalegre

08 de setembro de 2018 às 11:15

A Lusorecursos disse que o projecto de exploração prevê um investimento de 400 milhões de euros e a criação de 250 empregos.


A Lusorecursos disse que a prospecção em Sepeda, Montalegre, revelou um depósito de 30 milhões de toneladas de lítio e que o projecto de exploração prevê um investimento de 400 milhões de euros e a criação de 250 empregos.

1 de 4
Foto: Getty Images
Foto: Getty Images
Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

Depois de anos de prospecção e de uma contenda judicial com a empresa australiana Novo Lítio, o director executivo da Lusorecursos, Ricardo Pinheiro, afirmou à agência Lusa que o processo "está estabilizado" e que o próximo passo "é assinar o contrato de concessão de exploração com o Estado".

Contactada pela Lusa, a Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG), através do Ministério da Economia, esclareceu que a "titularidade do contrato de prospecção e pesquisa e do subsequente pedido de exploração é da empresa Lusorecursos".

A fonte referiu ainda que o processo de Sepeda se encontra "em fase de instrução, havendo a necessidade de a empresa apresentar o Estudo de Impacte Ambiental" (EIA) e que, neste momento, "não é possível indicar uma previsão de data para a assinatura do contrato", precisamente por causa do EIA.

Ricardo Pinheiro referiu que, só na área investigada em Sepeda, freguesia de Morgade e Sarraquinhos, concelho de Montalegre, as prospecções apontam para um depósito de "30 milhões de toneladas de lítio". A área de concessão é muito superior à investigada.

"Norankingmundial de explorações de lítio extraído de pedra, esta é a quinta maior mina do mundo", afirmou.

A procura mundial pelo lítio, usado na produção de baterias para automóveis e placas utilizadas no fabrico de electrodomésticos, está a aumentar e Portugal é reconhecido como um dos países com reservas suficientes para uma exploração comercial economicamente viável.

Ricardo Pinheiro referiu que ainda há estudos que estão em curso, no entanto adiantou que o projeto de exploração e primeira transformação em Sepeda poderá "rondar os 400 milhões de euros" e vai "criar 250 postos de trabalho diretos".

"O que interessa é nós aqui, em Montalegre, acrescentarmos valor ao produto", frisou.

O projecto prevê, acrescentou, a construção de uma unidade industrial para o processamento dos compostos de lítio, que vai ser alimentada por energias renováveis.

Ricardo Pinheiro referiu ainda que uma das prioridades é ajudar ao regresso "de filhos da terra" e que, nesta área, não vão ser criados aldeamentos mineiros.

Ao invés, a ideia é ajudar na reconstrução e revitalização das aldeias que estão na área da concessão.

O projeto é acompanhado de um "plano de recuperação ambiental", que prevê uma reflorestação contínua nos aterros que vão sendo feitos com a extracção do minério e ainda financiar projectos de conservação da Reserva da Biosfera Gerês-Xurés.

A exploração em Sepeda vai ser feita a "céu aberto", sem recurso a explosivos e com a utilização de uma máquina, tipo uma fresadora agrícola, que vai ripando a rocha.

O geólogo António Silva afirmou que o projecto está a gerar muito interesse a nível da comunidade internacional, com várias instituições científicas a quererem desenvolver ali trabalhos em parceria.

A concessão de exploração de lítio em Sepeda chegou aos tribunais em 2017, depois de a Novo Lítio ter entrado em litígio com a Lusorecursos.

Nesse ano, o Ministério da Economia esclareceu ter um contrato "devidamente válido" com a empresa portuguesa para a prospecção e pesquisa de lítio em Montalegre.

O contrato de prospecção e pesquisa foi assinado em 7 de Dezembro de 2012, entre o Estado português e a Lusorecursos, tendo um período inicial de dois anos e com a possibilidade de três prorrogações anuais, até ao máximo de cinco anos.

Já em Fevereiro deste ano, o Tribunal da Relação de Guimarães confirmou a decisão de primeira instância que rejeitou a providência cautelar apresentada pela empresa australiana para ficar com a concessão da exploração de lítio em Sepeda.

À Lusa, Ricardo Pinheiro afirmou que a "divergência com a Novo Lítio está sanada".

"A Novo Lítio submeteu um processo em tribunal, que perdeu, fez um recurso para a Relação que perdeu também, por isso o assunto está complemente resolvido. A Lusorecursos tem todas as condições, neste momento, para avançar", frisou.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela