Secções
Entrar

Montijo: Associação vai pedir parecer a agência europeia sobre segurança

04 de fevereiro de 2020 às 16:33

A Associação Peço a Palavra vai pedir um parecer à Agência Europeia para a Segurança da Aviação sobre as condições de segurança do novo aeroporto do Montijo.

A Associação Peço a Palavra vai pedir um parecer à Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA, em inglês) sobre as condições de segurança do novo aeroporto do Montijo, segundo um comunicado divulgado hoje.

Na nota, em que a associação dá conta das suas várias objeções à escolha do Montijo para a instalação do novo aeroporto, a associação adianta que "irá solicitar uma reunião com urgência ao regulador nacional, a ANAC [Autoridade Nacional da Aviação Civil], para pedir esclarecimentos que depois levará ao conhecimento do regulador internacional, a EASA, para que este se pronuncie sobre as condições de segurança do 'apeadeiro' do Montijo e nomeadamente as suas pistas".

Esta decisão foi tomada tendo em conta "os problemas ao nível da segurança de voo que já foram assinalados", sublinhando a associação que "as propostas derivadas dos variados estudos realizados não apresentam soluções credíveis ou sequer exequíveis para afastar os perigos existentes para as populações e passageiros".

A Associação Peço a Palavra recorda que "o novo aeroporto de Lisboa (NAL) anda a ser estudado há 50 anos (para se ter uma ideia, ao longo dos anos, já foram analisadas 17 localizações). A razão de ser imperativo construir o NAL não é só pela necessidade de expansão, mas também por se ter de retirar o aeroporto do centro da cidade", refere, no comunicado.

"A única localização que reuniu até agora todos os estudos necessários para permitir o início do desenvolvimento do projeto e para conseguirmos competir com Madrid e, com isso, fazer crescer a nossa economia para patamares mais elevados, é o Campo de Tiro de Alcochete", uma solução que já esteve em cima da mesa em legislaturas anteriores, afirma a associação.

A estrutura estranha que o Governo "venha defender a construção de um aeroporto secundário no Montijo (a que se tem chamado justamente de 'apeadeiro'), que tem um prazo de vida muito curto (cerca de nove anos), e que a grande maioria das companhias aéreas já afirmou que, por variadas razões, não têm intenção de o vir a utilizar".

A Associação Peço a Palavra acredita que "um governo tem o dever patriótico de ouvir os seus cidadãos, particularmente aqueles que têm reconhecidos conhecimentos técnicos sobre a matéria em análise", recordando "a posição da Ordem dos Engenheiros, entidade acima de qualquer suspeita, que arrasou a opção do Governo".

Além das questões de segurança e ambientais, o organismo alerta para "os efeitos que a construção de um 'apeadeiro' no Montijo teria nos ecossistemas e na saúde das populações que residem nos concelhos limítrofes, criando a ilusão de que é possível mitigar o que esses residentes teriam de vir a suportar".

Quanto à questão do financiamento, a associação relembra "que a construção de um aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete pode ser feita em quatro fases" e que seria mais rápido avançar com a primeira fase, para servir de forma complementar ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

A associação apela ainda à realização de um referendo sobre este assunto, remetendo para uma iniciativa cidadã que está a decorrer neste sentido.

A associação critica que Portugal "esteja refém dos interesses económicos de empresas estrangeiras como a Vinci, que 'ganhou' a privatização da ANA -- Aeroportos de Portugal, tendo recuperado, em apenas cinco anos (2013/2017), 19% do total do que pagou pela privatização de todos os aeroportos nacionais, aumentando sucessiva e descontroladamente as taxas dos aeroportos para obter lucros rápidos".

A Associação Peço a Palavra, sem fins lucrativos, conta com várias personalidades nos seus órgãos sociais, sendo presidida por António-Pedro Vasconcelos, e pretende a "dinamização de uma cidadania ativa relativamente aos interesses nacionais, ajudando todos os cidadãos a ter uma maior participação democrática", segundo informação no seu 'site'.

Em 08 de janeiro de 2019, a ANA e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo, na margem sul do Tejo, num novo aeroporto.

O aeroporto do Montijo poderá ter os primeiros trabalhos no terreno já este ano, depois da emissão da Declaração de Impacto Ambiental (DIA) e da reorganização do espaço aéreo militar e após os vários avanços registados em 2019.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela