Marcelo no Porto: "Presidente dos afectos" até rappou
O novo Presidente da República passou o dia no Porto, onde terminou as cerimónias da toma de posse. Na Câmara e no Bairro do Cerco, foi recebido por centenas de pessoas. E ainda arriscou fazer umas rimas
Um verdadeiro banho de multidão foi o que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, encontrou, esta sexta-feira, no Porto, onde encerrou os três dias de cerimónias de tomada de posse.
Na primeira vez em que um PR estendeu ao Porto as formalidades ligadas à sua tomada de posse, o novo chefe de Estado começou o dia na Praça General Humberto Delgado, recebido por centenas de pessoas que, entre palmas e gritos de apoio, queriam "conhecer Marcelo pessoalmente".
Já na Câmara, e depois de ter parado no percurso para receber um abraço do conhecido adepto do Boavista Manuel do Laço, o ex-comentador político ouviu o presidente Rui Moreira pedir que "lute contra a desigualdade e a injustiça" e defenda uma mudança de mentalidades para "um Portugal menos centralista". "Aqui vir e aqui estar hoje a terminar as cerimónias de posse iniciadas em Lisboa é, a dois títulos, simbólico. É simbólico como homenagem ao Porto, ao seu passado, ao seu presente e ao seu futuro. É simbólico como sublinhado de virtudes nacionais num tempo atreito a desânimos, desilusões e desavenças", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, nos Paços do Concelho.
À saída da Câmara, e antes do almoço restrito na Casa do Roseiral, o presidente da República voltou a ser rodeado e abraçado por centenas de pessoas, com a polícia a ter mesmo dificuldade em fazer um cordão de segurança.
Antes de partir para a zona oriental da cidade, Marcelo passou pela Galeria Municipal para ver a exposição "P. - uma homenagem a Paulo Cunha e Silva, por extenso" e ficou emocionado. "Aqui há a gratidão do Porto a quem tanto lhe deu e isso é muito bonito, muito emocionante mesmo", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, destacando que a visita ao Porto o tinha feito sentir "como se tivesse nascido" na cidade.
O "calor humano" e "adesão afectiva" do Porto surpreenderam mesmo o ex-líder do PSD que já no Bairro do Cerco, e depois de ouvir o hip hop do projecto Oupa de jovens residentes, quis mesmo improvisar uma rima.
"Ouvi e gostei deste hip hop do Norte, Portugal será mais forte (...). Aqui no bairro do Cerco e onde está a sua gente, estará sempre o presidente", entoou, perante algumas centenas de pessoas que naquele espaço se juntaram para o receber, abraçar, beijar e até entregar-lhe dois pares de sapatos, como foi o caso do ex-candidato à presidência conhecido como Tino de Rans.
E foi no Largo dos Afetos do bairro, onde foi ouvindo quem o chamasse de "presidente dos afectos", Marcelo quis deixar uma mensagem de esperança.
"Eu estou a sentir que por um lado há um desejo de estabilidade, um desejo de desdramatização, de descompressão na vida política portuguesa e por outro lado há sinais de esperança. Temos é que fazer corresponder a esses sinais de esperança, passos de esperança", afirmou o novo chefe de Estado no final da visita ao bairro do Cerco.
Eleito a 24 de janeiro com 52% dos votos, Marcelo Rebelo de Sousa, 67 anos, tomou quarta-feira posse como Presidente da República e encerrou as cerimónias no Porto. A primeira viagem ao estrangeiro já tem data marcada. No dia 17, Marcelo vai ao Vaticano (já tem audiência marcada com o Papa Francisco) e acaba o dia em Madrid, onde janta com o rei de Espanha.
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