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Luís Montenegro: "Não tenho razão para me demitir"

Luana Augusto 10 de março de 2025 às 21:04

O primeiro-ministro disse esta segunda-feira à CNN Portugal que não planeia demitir-se, mesmo após o escândalo em torno da Spinumviva. Ao canal esclareceu ainda como pagou as suas casas a pronto, falou sobre as ações que lhe valeram €200 mil e quanto custava o hotel onde ficou a dormir.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse esta segunda-feira (10), em entrevista à CNN Portugal, que não se irá demitir, mesmo depois do escândalo em torno da empresa da sua família - a Spinumviva -, e confirmou que avançaria com a recandidatura a primeiro-ministro caso fosse constituído arguído. "Não me demito porque não tenho razão para me demitir. Não violei nenhuma regra", considerou.

montenegro bruxelas LUSA_EPA

Durante uma entrevista à TVI/CNN Portugal, Luís Montenegro afirmou ainda que "não saiu um único cêntimo da empresa para ninguém" e que o único dinheiro que saiu da Spinumviva foi "para pagar os fornecimentos à empresa, a força de trabalho, dividendos (...)". As declarações surgiram depois de ter sido questionado sobre se a empresa poderia ter financiado a campanha à liderança do PSD.

Sobre a ligação com a gasolineira Joaquim Barros Rodrigues & Filhos, que permitiu que a empresa arrecadasse €194 mil, esclareceu: "Esta empresa contactou-me quando ainda não existia a Spinumviva e foi-me pedido um trabalho que não era o de advocacia. A ideia era olhar para uma determinada situação e prespetivar uma forma de ultrapassar os contrangimentos da empresa, através de um novo modelo de negócio ou arranjar uma marca para a embadeirar."

Segundo o primeiro-ministro, tratou-se de um trabalho "de mais de dois anos" que resultou em "três tentativas falhadas", mas que acabou por ser "faturado no final" - "o correspondente a 60% ou 70% da faturação".

Em 2024, a Spinumviva terá registado "resultados líquidos de €23 mil de lucro", enquanto que em 2023, "foi €46 mil". Confrontado sobre o salário, alegadamente baixo, dos funcionários da empresa, Montenegro disse apenas: "Está tudo espelhado nas contas. Não há disparidade".

Comissão Parlamentar de Inquérito

O primeiro-ministro foi ainda questionado sobre a Comissão Parlamentar de Inquério, proposta pelo PS. Sobre como assistiria ao facto da sua mulher e dos seus filhos poderem vir ser questionados na mesma, respondeu: "Espero que não seja para esse fim. O PS já afirmou que não é para isso."

E lamentou: "É muito duro quando se fazem imputações e insinuações, como as que têm recaído sobre mim e que se transmitem para a minha família".

Como pagou as casas a pronto?

A segunda parte da entrevista foi ainda dedicada a uma outra polémica em torno dos rendimentos do primeiro-ministro: como é que conseguiu pagar a pronto duas casas em Lisboa, que custaram cerca de €173 mil. Sobre isto, frisou que "tudo resulta do património" que tem. "Não tenho um único cêntimo que não resulte do meu trabalho e da minha família."

Foi também em declarações à CNN que aproveitou para anunciar que teve ações e que as vendeu ainda antes de se ter tornado primeiro-ministro. Estas valeram a Montenegro €200 mil. "Em 1998, quando era ainda solteiro, comprei ações, mas decidi vender antes de ter tomado posse como primeiro-ministro. Tive uma mais valia de €200 mil. Se as mantesse tinham valorizado três vezes mais."

Quanto paga para viver no hotel?

Luís Montenegro foi ainda questionado acerca da sua mudança para um hotel em Lisboa, onde o preço por noite está fixado em €300 - isto enquanto a casa que comprou em Lisboa está em obras. Sobre isso, informou que pagava €250 por noite, mas que agora estava a viver no Palácio de São Bento.

"Eram €250 por cada noite, na base de um acordo que firmei com o hotel. Mas a partir do momento em que temos câmaras à porta decidi experimentar viver aqui [no Palácio de São Bento]. [O quarto] não tem é cortinas. É mais sombrio."

O primeiro-ministro falava esta segunda-feira em entrevista para a TVI/CNN sobre a Spinumviva. Esta é a primeira entrevista que dá desde que explodiu o escândalo em torno da empresa da sua família.

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