Secções
Entrar

Filho de Arnaldo Matos acusa PCTP/MRPP de "sequestrar" corpo do pai

23 de fevereiro de 2019 às 09:47

Um dos filhos de Arnaldo Matos, Pedro Matos, acusou hoje o PCTP/MRPP de ter "montado" um velório e "funeral-sequestro" ao seu pai.

Um dos filhos de Arnaldo Matos, Pedro Matos, acusou hoje o PCTP/MRPP de ter "montado" um velório e "funeral-sequestro" ao seu pai, recusando participar nas cerimónias fúnebres do político.

Numa nota enviada à Agência Lusa, Pedro Gonçalves Matos, refere que o seu pai "morreu em casa alheia", explicando que depois de "tardiamente avisado" e quando foi ao local para resgatar o corpo, a dirigente Maria Adelaide Teixeira, "do alto dos seus quasi-80 anos, injetada de ódio e envergando pose de guarda de campo de concentração", informou-o da vontade de Arnaldo Matos de ter as cerimónias fúnebres totalmente controladas pelo partido.

Segundo Pedro Gonçalves Matos, as palavras que a camarada lhe terá dirigido foram as seguintes: "Temos pena que tenha chegado a isto, mas então é assim: o velório e o funeral são do partido; as cinzas são da família".

O fundador do Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) Arnaldo Matos morreu sexta-feira de madrugada, aos 79 anos, vítima de doença.

"Escusado será dizer que não acredito em quem assim fala", refere a nota de Pedro Gonçalves Matos.

"Informo, pois, todos os meus amigos, genuínos amigos de meu pai e amigos de minha mãe - a quem aqui deixo um abraço e um obrigado - de que não estarei presente nos velório e funeral-sequestro montados por Carlos Paisana", dirigente do partido, refere a missiva.

Contactado pela Lusa, Carlos Paisana adiantou que Arnaldo Matos manifestou, "perante o Comité Central do partido, que o seu desejo - quando esta situação foi abordada -, que o seu funeral, quando morresse, seria realizado pelo partido e depois de ser cremado, outro desejo seu, as cinzas seriam entregues à sua família".

Carlos Paisana, acrescentou ainda que Pedro Gonçalves Matos estaria "de relações cortadas com o seu pai há algum tempo", frisando "não fazer sentido a sua atitude", uma vez que, a restante família "esteve ontem [sexta-feira] presente no velório".

Pedro Gonçalves Matos refere ainda na sua missiva que, "independentemente de ser - sempre! - prerrogativa última da família atender, ou não, à vontade do falecido, só cumpriria esse alegado desejo de meu pai - e, nesse caso, jamais deixaria de o cumprir! -, se tal vontade houvesse sido expressa, em algum momento da sua vida, perante algum dos seus dois filhos, irmãos ou até sobrinhos".

"Coisa que, manifestamente, nunca aconteceu", sublinhou.

Arnaldo Matos fundou o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), em Lisboa, na clandestinidade, em 18 de setembro de 1970, juntamente com Vidaúl Ferreira, Fernando Rosas e João Machado.

Fonte do partido adiantou que Arnaldo Matos faria 80 anos no próximo domingo, e que o PCTP/MRPP tinha preparada uma homenagem.

Na nota intitulada "Honra ao camarada Arnaldo Matos" (1939-2019), o PCTP/MRPP diz que a sua obra e o seu exemplo "perdurarão para sempre na memória dos operários e dos trabalhadores portugueses e constituirão um guia na luta do proletariado revolucionário e dos comunistas pelo derrube do capitalismo e do imperialismo e pela instauração do modo de produção comunista e de uma sociedade de iguais".

O corpo de Arnaldo de Matos encontra-se na sede do PCTP/MRPP, Avenida do Brasil 200A, em Lisboa, e o funeral realiza-se domingo, pelas 13:00 para o Cemitério dos Olivais, onde será cremado às 14:00, segundo informação do partido.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela