Secções
Entrar

Ex-apoiantes de Mortágua apresentam moção e pedem “novo rumo” para partido

Lusa 04 de fevereiro de 2025 às 11:34

A moção 'S' é subscrita por cerca de quarenta bloquistas que incluem vários elementos que integraram a lista de Mariana Mortágua à Mesa Nacional na última convenção do partido, como é o caso de Adelino Fortunato, Alexandra Vieira, Helena Figueiredo e José Manuel Boavida.

Um grupo de críticos da direção do BE, que inclui dirigentes que integraram a lista encabeçada por Mariana Mortágua na última Convenção Nacional, entregaram hoje uma moção na qual pedem um "novo rumo" para o partido.

A moção 'S', intitulada "Novo rumo", e que vai a debate na XIV Convenção Nacional, nos dias 31 de maio de 01 de junho, é subscrita por cerca de quarenta bloquistas que incluem vários elementos que integraram a lista de Mariana Mortágua à Mesa Nacional na última convenção do partido, como é o caso dos dirigentes Adelino Fortunato (que é o primeiro promotor da moção e também integra a Comissão Política), Alexandra Vieira (antiga deputada), Helena Figueiredo e José Manuel Boavida.

Este grupo de bloquistas - no qual se inclui ainda o ex-deputado à Assembleia da República Heitor de Sousa - já tinha apresentado, em outubro do ano passado, um documento alternativo ao da direção na Conferência Nacional, no Porto, que se debruçou sobre a estratégia do partido para as eleições autárquicas.

Algumas das críticas divulgadas à data voltam a ser sublinhadas na moção 'S', como a de que o BE tem assumido "um modelo de «movimento de movimentos» ou de «federação de Organizações Não Governamentais», focado em direitos humanos e sociais, indistinto de organizações socialdemocratas como o PS e o Livre".

"A diluição ideológica arrisca fazer perder o capital de luta do BE associado à sua história, assim como a sua utilidade social", alertam estes bloquistas, que também alegam falta de democracia interna como "principal fator de fragilidade" do partido.

A direção de Mariana Mortágua - que voltou a ser a primeira promotora da moção 'A' e vai recandidatar-se ao cargo de coordenadora do partido - é acusada de não ter "sinal de autocrítica" e ter entrado "numa lamentação sobre tempos difíceis", insistindo "na indefinição política".

"A participação no movimento sindical tem estado muito aquém do necessário, ficando o campo aberto para estratégias sectárias do PCP. A estratégia para o movimento laboral e sindical está ausente dos textos e da prática da maioria da direção do BE", é defendido no texto.

Estes bloquistas defendem que o partido "sofreu derrotas em todas as recentes eleições", "aproxima-se da irrelevância política" e vive "um momento crítico", alertando que o seu futuro está dependente das decisões que tomar nesta convenção.

"Um partido revolucionário tem de ser intransigentemente democrático, para fora e por dentro. O BE tem alguns mecanismos internos de funcionamento democrático, mas transformou-se num partido de funcionários, sujeitos à dependência económica e política de duas fações dominantes, que evitam que a discussão seja alargada ao conjunto dos aderentes", criticam.

No que toca a eleições autárquicas, estes bloquistas defendem que a nova lei dos solos, que o parlamento ainda vai alterar, deverá ser "uma pedra de toque para eventuais acordos pré-eleitorais".

Já em relação às presidenciais, estes militantes avisam que o atual contexto político e social é "bastante desfavorável para uma candidatura própria à Presidência da República", correndo-se o risco de ser uma "tarefa muito desgastante e comprometer o objetivo de acumular forças". Propõem que o tema seja discutido em Conferência Nacional.

O BE está a atravessar um período conturbado após a polémica sobre despedimentos no partido entre 2022 e 2024, que incluem duas mulheres que tinham sido mães recentemente e já motivou a abertura de um inquérito pelo Ministério Público.

Na última convenção, realizada em maio de 2023, Mortágua foi escolhida pelo partido como coordenadora nacional, sucedendo a Catarina Martins que ocupou este cargo durante uma década e é atualmente eurodeputada.

Nessa reunião magna, a lista de Mariana Mortágua conquistou 67 dos 80 lugares na Mesa Nacional e os restantes foram atribuídos à lista 'E', encabeçada por Pedro Soares - corrente interna que já anunciou que não vai avançar com uma candidatura na próxima convenção.

Hugo Delgado/Lusa
Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela