Secções
Entrar

Eutanásia: Ordem dos Enfermeiros contra projecto de lei do Bloco

12 de março de 2018 às 19:46

O projecto de lei "não apresenta maturidade para que possa ser analisado enquanto tal", lê-se no parecer da Ordem dos Enfermeiros.

A Ordem dos Enfermeiros foi a primeira entidade a enviar o seu parecer à Assembleia da República e é contra o projecto de lei do Bloco de Esquerda (BE) sobre da morte medicamente assistida.

1 de 5
Todos os dias 10 enfermeiros pedem à Ordem autorização para emigrar
Foto: Sábado
Enfermeiros mantém greve
Foto: LUSA / RODRIGO ANTUNES
Foto: Cofina Media
Foto: Cofina Media

O projecto de lei "não apresenta maturidade para que possa ser analisado enquanto tal", lê-se no parecer da Ordem dos Enfermeiros, datado de 1 de Março e remetido à Comissão de Assuntos Constitucionais, na qual está o diploma dos bloquistas antes do debate na generalidade, ainda sem data definida.

Para o órgão profissional dos enfermeiros portugueses, o "conceito de antecipação da morte por decisão da própria pessoa" ainda carece "de maturação" em Portugal, "à luz de um necessário e alargado consenso ético".

Esta discussão não "pode sobrepor-se nem antecipar-se à necessidade de assegurar uma rede de cuidados paliativos e continuados eficaz", lê-se ainda no texto.

A ordem considera ainda o projecto bloquista "muito redutor" porque centraliza o processo "num único profissional de saúde, o médico", ignorando a intervenção de outros, como os enfermeiros, e alerta que a antecipação da morte pode ser "analisado e decidido por um médico assistente, sem qualquer relação quotidiana com o doente".

No parecer, alerta-se ainda para a incoerência de o projecto prever que, no processo de antecipação da morte os enfermeiros actuem "desde que a sua intervenção decorra sob supervisão" dado que, no regulamento do exercício destes profissionais, "em momento algum da actuação dos enfermeiros actuam sob supervisão".

A ordem recorda ainda que "é obrigação do enfermeiro exercer a sua profissão com respeito pela vida, pela dignidade humana e pela saúde e bem-estar da população".

Em 07 de Março, numa audição no parlamento, a bastonária da ordem, Rita Cavaco, mostrou-se "bastante favorável" ao projecto de lei do CDS-PP pela defesa dos direitos de doentes em fim de vida.

O BE e o PAN (Pessoas-Animais-Natureza) já entregaram os seus projectos de lei no parlamento e o PS promete fazê-lo até final do mês. O Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) também anunciaram um projecto de lei próprio.

À direita, o PSD decidiu dar liberdade de voto, apesar de Pedro Passo Coelho, o líder em funções em 2017, ter prometido uma posição oficial e admitir todos os cenários, incluindo o do referendo.

Rui Rio, o novo presidente social-democrata, é, pessoalmente, favorável à despenalização da morte assistida, mas não é conhecida a posição da nova liderança.

O CDS-PP, liderado por Assunção Cristas, é contra o projecto de despenalização, e o PCP não tem ainda posição oficial.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela