Espinho contra a desativação de ambulância do INEM
Dezenas de pessoas concentraram-se no Hospital de Espinho em protesto contra a anunciada extinção deste serviço
Dezenas de pessoas concentraram-se esta segunda-feira no Hospital de Espinho em protesto contra a anunciada extinção do serviço prestado pela Ambulância de Emergência Médica (AEM) que ficou afecta ao concelho em 2007 como contrapartida pelo fecho da Urgência local.
A vigília prolonga-se até à meia-noite e, segundo Miguel Barbosa, porta-voz do movimento "Não ao fecho da AEM de Espinho", o objectivo do protesto é reivindicar a manutenção de um serviço que, a desaparecer agora, "só irá prejudicar ainda mais a população de Espinho e a das freguesias mais próximas", em concelhos vizinhos como os de Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira.
"O INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] precisa de 384 técnicos de emergência pré-hospitalar, que são os que trabalham nestas ambulâncias, mas abriu um concurso que só prevê 100 vagas", revela Miguel Barbosa.
"Como se isso já não fosse mau o suficiente, dada a carência que temos de profissionais nesta área, foi ainda anunciada uma redução das ambulâncias disponíveis e querem fazer desaparecer a de Espinho, esquecendo-se que ela veio para o concelho numa espécie de compensação pelo encerramento da Urgência do hospital em 2007", realça esse responsável.
Segundo a cronologia disponibilizada pelo movimento, em Março deste ano o Ministério da Saúde propôs a desactivação de oito AEM e a redução de horário noutras seis, após o que o próprio INEM entregou à tutela uma proposta que contempla o fecho de uma única viatura de emergência (a de Espinho) e a redução de horários de funcionamento noutras 13.
"Não é uma redução de horários equitativa, já que todos os meios do país com Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar deviam ver os seus horários parcialmente reduzidos até à contratação de mais profissionais", defende Miguel Barbosa.
Moisés Ferreira, deputado do Bloco de Esquerda (BE) por Aveiro, participou na vigília em apoio ao movimento e alerta: "Dizer que as ambulâncias de emergência médica podem ser substituídas pelas dos bombeiros é incorrecto, porque o serviço prestado por uns e outros não é o mesmo. Os técnicos de emergência pré-hospitalar, que são quem na maioria das vezes tripula as viaturas do INEM, têm competências completamente diferentes e estão muito mais preparados para acorrer a casos graves".
Para este parlamentar, a reestruturação de meios no INEM não pode ser feita à custa do de um serviço que já veio para Espinho para substituir outro recurso extinto pelo Governo. "Se isso acontecer, só se estará a fragilizar ainda mais os serviços de saúde prestados no concelho", avisa.
Num parecer sobre o mesmo tema disponibilizado àLusapelo porta-voz do movimento, a Comissão de Trabalhadores do INEM declara: "Cientes da urgência da matéria e dificuldade gritante de recursos humanos, cuja resolução tarda em chegar, ainda assim opomo-nos frontalmente a qualquer fecho de meios que se proponha, nomeadamente o da AEM de Espinho".
A mesma estrutura laboral considera que as propostas actualmente em análise com vista à reorganização dos meios de emergência nacionais são, aliás, "incompletas, excluindo incompreensivelmente a totalidade dos meios, nomeadamente as Ambulâncias SIV [Suporte Imediato de Vida], as UMIPE [Unidades Móveis de Intervenção Psicológica de Emergência] e os MEM [Motociclos de Emergência Médica] ".
"Preocupa-nos particularmente o fecho do horário da noite, num total de 13 ambulâncias a nível nacional. Irá ser posto em causa o socorro em várias áreas urbanas, sem alternativa e, com o período de verão, esse risco será agravado pela necessidade de envio de bombeiros para o DECIF [Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais] ", concluem os trabalhadores do INEM.
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