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Em nove meses, Costa perdeu 11 governantes

Diogo Barreto 29 de dezembro de 2022 às 20:39

Pedro Nuno Santos é o segundo ministro a abandonar o Governo desde março. Já saíram nove secretários de Estado.

Sara, Marta, António, Fátima, Miguel, João, Rita, Alexandra, Pedro, Hugo e Marina. Desde que formou Governo, em março deste ano, o primeiro-ministro António Costa já se despediu de dois ministros e nove secretários de Estado. Marta Temido e Pedro Nuno Santos abandonaram o Governo depois de várias polémicas. O antigo ministro das Infraestruturas volta ao Parlamento e continua como putativo sucessor do atual líder socialista.

MARIO CRUZ/LUSA

A demissão mais recente foi a do ministro da Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos. Com ele saem dois secretários de Estado: Hugo Mendes e Marina Gonçalves. Numa semana, Costa perdeu quatro governantes. Mas este já havia outras sete demissões.

A demissão de Pedro Nuno Santos foi precedida pela demissão de Hugo Mendes. Alegadamente, o secretário de Estado das Infraestruturas, tinha conhecimento da indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, a secretária do Tesouro que se demitiu na terça-feira à noite e que foi a oitava baixa no Governo que iniciou funções em março deste ano. Com a queda do ministro da tutela, cai também a secretária de Estado da Habitação, Marina Gonçalves.

Pedro Nuno Santos anunciou a sua saída na madrugada desta quarta-feira, "face à perceção pública e ao sentimento coletivo gerados em torno" do caso da secretária de Estado Alexandra Reis, informou o antigo governante num comunicado. O primeiro-ministro António Costa aceitou a demissão. Nesse mesmo comunicado, o ex-ministro dava conta de que Hugo Mendes tinha decidido abandonar o cargo na sequência das explicações dadas pela TAP sobre a saída de Alexandra Reis.

A antiga secretária de Estado, que chegou ao Governo no início de dezembro, tendo feito parte do executivo apenas 26 dias, apresentou a sua demissão a pedido de Fernando Medina, o ministro das Finanças. Recebeu uma indemnização de 500 mil euros para sair da TAP depois de se desentender com a diretora-executiva da empresa, Christine Ourmières-Widener, em fevereiro deste ano. Daí, seguiu para a NAV - Navegação Aérea de Portugal, ocupando o lugar de presidente da empresa que estava vago desde agosto de 2021.

Os ministros Pedro Nuno Santos e Fernando Medina não sabiam, alegadamente, da indemnização recebida por Alexandra Reis quando a convidaram, respetivamente, para a NAV e para o Governo. O antigo ministro das Finanças, João Leão, disse ao Expresso que também não havia sido informado da indemnização.

Alexandra Reis foi então a oitava governante a cair em nove meses. Antes, em novembro, haviam sido três os secretários de Estado que deixaram o Governo: Miguel Alves (secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro), João Neves e Rita Marques (secretários de Estado da Economia e do Turismo).

Os secretários de Estado da Economia saíram em rota de colisão com o ministro António Costa Silva, depois de contradizerem publicamente o governante quando este propôs que seria útil uma descida "transversal" do IRC. "Dizer que vamos agir em IRC para resolver um problema de curtíssimo prazo é um erro", respondeu-lhe João Neves. Poucas semanas depois saiu do Governo, bem como Rita Marques. Já o caso de Miguel Alves foi mais complexo: dois meses de assumir o cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, saiu na sequência dos processos judiciais em que está envolvido devido a suspeitas de crimes económico-financeiros cometidos quando desempenhava o cargo de presidente da câmara de Caminha.

Costa aceitou a demissão de imediato. Uma nota emitida pelo seu gabinete afirma que "o primeiro-ministro recebeu e aceitou o pedido de demissão do Dr. Miguel Alves das funções de Secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, tendo já proposto a sua exoneração ao Senhor Presidente da República".

Agosto viu também a saída de três governantes: Marta Temido, a ministra da Saúde, abandonou o Governo depois de dois anos de pandemia e os seus dois secretários de Estado abandonaram também o Executivo. Marta Temido apresentou o pedido de demissão do cargo de ministra da Saúde, "por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo". Nas semanas anteriores tinha-se registado uma  crise nas urgências hospitalares do Serviço Nacional de Saúde, sobretudo na especialidade de ginecologia-obstetrícia e as críticas à ministra tinham subido de tom. António Lacerda Sales - secretário de Estado Adjunto e da Saúde - e Fátima Fonseca - secretária de Estado da Saúde foram os dois outros governantes a sair.

A primeira baixa deste Governo tinha sido Sara Abrantes Guerreiro que deixou o Governo em abril, por motivos de saúde.

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