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Disparam as queixas de mau atendimento no Instituto de Registos e Notariado
Marcelo tem o pedido de cidadania parado desde setembro de 2024. Jheniffer enviou toda a documentação para o mesmo efeito, no final daquele ano, e o processo nem foi aberto. As reclamações chovem ao Portal da Queixa: 277 contra o IRN, desde janeiro de 2025 até 15 de setembro.
O trabalho por conta própria corre-lhe bem, gosta do que faz (é formador), elogia o clima ameno da região transmontana e a segurança. Mas na vida organizada de Marcelo Carvalho, natural do Paraná (sul do Brasil), há uma incógnita que o assusta. Aos 56 anos, e há sete em território nacional, questiona-se se até ao final deste ano conseguirá obter cidadania portuguesa – isto porque a 3 de janeiro de 2026 caduca o título de residência. E depois? "Depois disso não consigo ter contrato por não ter título de residência válido", diz Marcelo Carvalho à SÁBADO.
Queixas sobre atendimento no Instituto de Registos e Notariado em Lisboa
Diogo Pinto
Processo parado
O imigrante brasileiro fez o pedido de nacionalidade em fevereiro de 2024, na conservatória de Vila Real (pertencente ao Instituto de Registos e Notariado, IRN). O pedido foi registado no início daquele mês (2.ª fase) e os documentos analisados (3.ª fase). Tudo correu de feição em 2024, tendo em conta a burocracia associada. O processo ia passando as diversas etapas, mas desde 11 de setembro daquele ano que nada acontece. Está parado quase no final da jornada, a mais decisiva: a quarta e última, que lhe permitirá ser cidadão de plenos direitos. Quando o requerente consulta online o ponto de situação, através do portal do ministério da Justiça (o IRN está sob a sua tutela), depara-se com a seguinte indicação (datada de 30 de outubro de 2024): "O pedido já passou por todas as transações , com a excepção da transação 'Proposta de Decisão'." Preocupado com o impasse, e depois de várias tentativas de resposta por parte dos serviços – dizem-lhe que nada podem fazer, que quem decide são "instâncias superiores" –, Marcelo Carvalho resolveu expor a situação no Portal da Queixa. Na reclamação de 8 de setembro de 2025 escreveu: "No dia 2 de fevereiro próximo fará dois anos que entrei com o meu pedido de nacionalidade por tempo de residência. Os processos estão muito atrasados para todos os requerentes, contudo, se todos os documentos exigidos já foram analisados e a única coisa que deve ser feito é o parecer, não compreendo a demora no processo." Continua sem respostas, à SÁBADO fala com preocupação: "O próprio Estado gera caos. Se não consigo revalidar título, não consigo contrato de trabalho e terei de requerer subsídio de desemprego (€400). Eu não quero €400 do Estado, quero pagar €400 de impostos."Portal da Queixa nota agravamento
A tendência de agravamento no número de reclamações dirigidas ao IRN é notada no Portal da Queixa, que, em comunicado recente, enumera os principais problemas apontados pelos requentes. "O mau atendimento motiva a maioria das queixas dos cidadãos (58%), onde há relatos de ineficiência, atendimento inadequado, falhas de comunicação, informação insuficiente ou mesmo recusa de serviço", lê-se. O período em análise vai de 1 de janeiro a 15 de setembro de 2025, tendo sido registadas 277 reclamações face às 210 do período homólogo do ano anterior. Um aumento de 32%, o que se traduz num baixo índice de satisfação (IS): numa escala de 0 a 100, o IRN recebe 20.2 pontos. O seu desempenho é considerado pelos utentes como "Fraco", refere o mesmo comunicado.
Marcelo Carvalho aguarda cidadania portuguesa e critica atrasos no Instituto de Registos e Notariado
Ricardo Meireles/SÁBADO
"Nem deram entrada ao processo"
A demora do IRN é apontada por Jheniffer Tereza, numa reclamação de 15 de setembro no Portal da Queixa. "Enviei meus documentos e fiz o pagamento para obter a nacionalidade em dezembro de 2024 e até então nem deram entrada no meu processo, nem senha recebi. Ligo e ninguém atende, mando e-mail e só me respondem com mensagens automáticas", lê-se. À SÁBADO, a queixosa refere que enviou os documentos necessários, por correio, aos serviços centrais de Lisboa: formulário preenchido, documento de identificação, certidão de nascimento, registo criminal e comprovativo de pagamento para dar início ao processo [€250]." Nada acontece.Advogados insatisfeitos
Desde a pandemia que muitos funcionários do IRN adotaram o regime de teletrabalho, mudança que no entender do advogado Frederico Assunção (da firma Dantas Rorigues & Associados) agravou os atrasos nos procedimentos. "Notámos que os serviços passaram a demorar muito mais desde esse período para cá", diz à SÁBADO. E exemplifica: "Fizemos em outubro de 2024, um registo de cessação de funções de gerente (por óbito do mesmo), que só veio a ficar concluído cinco meses depois. Ou seja, um regime, sem qualquer tipo de complexidade, demorou vários meses até estar tratado."
Cidadãos queixam-se de mau atendimento no Instituto de Registos e Notariado
D.R.
"Severa" falta de pessoal
Há uma "severa falta de pessoal , incluindo Conservadores e os serviços informáticos", lamenta à SÁBADO o advogado Germano Costa Campos, quando questionado acerca da situação do IRN. Sobre as falhas na plataforma, recorda a recente suspensão pelo IRN de alguns serviços como a “casa pronta” e o “balcão de heranças e partilhas por divórcio”.
Marcelo Carvalho aguarda cidadania portuguesa e critica atrasos no IRN
D.R.
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