Secções
Entrar

Detidos da operação "Teia" começam a prestar declarações às 10h00

31 de maio de 2019 às 07:10

"Temos a indicação de que todos os detidos vão prestar declarações", disse o advogado de defesa, depois consultar os quatro volumes e anexos do processo

O presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, será o primeiro dos quatro detidos da operação "Teia" a prestar declarações hoje, a partir das 10h00, no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.

A revelação foi feita pelo advogado de defesa, Nuno Cerejeira Namora, na quinta-feira no exterior do TIC, depois de terminada a consulta dos quatro volumes e outros tantos anexos do processo, e num dia em que a comparência dos detidos serviu apenas para que fossem identificados.

"Temos a indicação de que todos os detidos vão prestar declarações. O primeiro vai ser o presidente Miguel Costa Gomes, o segundo será a doutora Manuela Couto [empresária e mulher de Joaquim Couto], o terceiro será José Maria Laranjo [presidente do IPO/Porto] e, por fim, será Joaquim Couto [presidente da Câmara do Porto]", disse.

Segundo Nuno Cerejeira Namora, os arguidos regressaram às instalações da Polícia Judiciária do Porto para cumprirem a segunda noite de detenção.

"Os quatro detidos vão passar a noite atrás das grades e esperemos que mais nenhuma. Esperemos que sejam ouvidos amanhã [hoje] e proferidas as medidas de coação", declarou o causídico.

Reafirmando tratar-se de um processo que "é uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma", Nuno Cerejeira Namora -- que foi o único advogado dos arguidos a dar declarações aos jornalistas - frisou que, vistos "os volumes e anexos", não encontrou o "mínimo indício da existência de corrupção passiva por parte do presidente da câmara [de Barcelos]".

"Ele vem acusado de atos que não foi ele que praticou, foram vereadores e vice-presidentes anteriores ao período em que ele tinha o pelouro desta área", disse o advogado, afirmando-se "tranquilo e sereno" em relação ao interrogatório e dizendo só admitir que "ele saia com a medida mínima de coação, o termo de identidade e residência".

Insistindo que a detenção foi "desproporcionada", Nuno Cerejeira Namora perguntou: "Onde é que há perigo de continuação da atividade criminosa? Onde é que há possibilidade de destruição de prova se a prova está toda nos dossiês do Ministério Público? Onde é que há perigo de fuga?".

"Não é necessário deter ninguém para um crime desta natureza", considerou o advogado.

A empresária Manuela Couto, administradora da W Global Communication, detida pela Polícia Judiciária no âmbito desta operação, já tinha sido constituída arguida em outubro, no âmbito da operação "Éter", relacionada com o Turismo do Norte.

A operação "Teia" centra-se nas autarquias de Santo Tirso e Barcelos, bem como no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e investiga suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio, traduzidas na "viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto", segundo um comunicado da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária, o órgão de polícia criminal que apoia o Ministério Público nesta investigação.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela