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Debate. Ventura e Cotrim sujaram-se no "tu cá, tu lá"
O voto socialista de Ventura, a idade de Cotrim Figueiredo, a pedofilia no Chega, o elitismo da IL. O debate entre os candidatos apoiados pelo Chega e IL foi sujo, confrontacional, informal e pessoal. No fim, ganhou o liberal (porque bateu mais).
O debate entre o deputado André Ventura, candidato presidencial apoiado pelo Chega, e o eurodeputado João Cotrim Figueiredo, apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), foi tenso e pessoal. Ambos eleitos deputados únicos ao mesmo tempo, em 2019, liderando partidos recém-criados a ganhar assento parlamentar, foi uma disputa entre velhos rivais. “Acho que o maior erro da vida do João foi ter deixado a liderança da
IL para ir ter uma reforma dourada em Bruxelas", acusou Ventura. “Tenho uma reforma dourada tão boa que decidi candidatar-me a Presidente da República”, respondeu o liberal. Além da Lei da Nacionalidade e Ucrânia — “Não quero mandar para lá tropas como tu”, atirou Ventura —, discutiram com informalidade, num "tu cá, tu lá", a idade de Cotrim FIgueiredo, pedofilia no Chega e o passado de André Ventura enquanto inspetor da autoridade tributária e eleitor de José Sócrates (André Ventura negou-o, mas há áudios de entrevistas para o livro Dias de Raiva - A Ascensão de André Ventura que confirmam isso, como a SÁBADO publicou).
O início do debate foi dominado por um ausente: Luís Marques Mendes, o candidato apoiado pelo PSD. "Acho que Marques Mendes é o candidato mais condicionado. É o candidato do sistema, ligado ao Governo", afirmou Ventura. Na sequência de Marques Mendes ter divulgado esta sexta-feira a lista de clientes, a jornalista Clara de Sousa perguntou se o candidato apoiado pelo Chega vai revelar com quem trabalhou enquanto consultor fiscal da Finpartner. “Eu não era dono”, insiste. “Sou deputado e conselheiro de todos e tenho de entregar sempre declarações de transparência. Acho que transparência é bem-vinda, deve ser reforçada”, frisou, reiterando que "é tudo conhecido". O mesmo afirmou Cotrim: “Não só estou disposto a revelar os clientes, como já o fiz”, diz o candidato liberal. "Escrevei um livro autobiográfico, não por prazer, é exposição." No fim, Marques Mendes foi o alvo comum: "Quem quer a confiança dos eleitores, tem de mostrar que não há nada a esconder”, defende Cotrim; "é o candidato menos transparente", afirmou Ventura.
O início do debate foi dominado por um ausente: Luís Marques Mendes, o candidato apoiado pelo PSD. "Acho que Marques Mendes é o candidato mais condicionado. É o candidato do sistema, ligado ao Governo", afirmou Ventura. Na sequência de Marques Mendes ter divulgado esta sexta-feira a lista de clientes, a jornalista Clara de Sousa perguntou se o candidato apoiado pelo Chega vai revelar com quem trabalhou enquanto consultor fiscal da Finpartner. “Eu não era dono”, insiste. “Sou deputado e conselheiro de todos e tenho de entregar sempre declarações de transparência. Acho que transparência é bem-vinda, deve ser reforçada”, frisou, reiterando que "é tudo conhecido". O mesmo afirmou Cotrim: “Não só estou disposto a revelar os clientes, como já o fiz”, diz o candidato liberal. "Escrevei um livro autobiográfico, não por prazer, é exposição." No fim, Marques Mendes foi o alvo comum: "Quem quer a confiança dos eleitores, tem de mostrar que não há nada a esconder”, defende Cotrim; "é o candidato menos transparente", afirmou Ventura.
Debate entre Ventura e Cotrim Figueiredo para as presidenciais de 2026
O segundo choque: o chumbo da Lei da Nacionalidade. Por um lado, Cotrim critica "continuar uma birra" e "luta" contra o Tribunal Constitucional: “Precisamos de uma Lei da Nacionalidade. [Se insistir], não vamos ter a lei. (...) Ou decidimos continuar uma birra, ou corrigimos a lei para ela ser aprovada rapidamente." Ventura insiste: “Não vou abdicar que quem comete crimes seja expulso, que perca a nacionalidade.” Cotrim insiste: “Vamos continuar a ter esta lei atual que é demasiado permissiva. Que sejam sensatos. Vamos bater com cabeça na parede durante quanto tempo, André Ventura?” O embaraço
Sobre assuntos internacionais, André Ventura tem dificuldade em falar sobre Donald Trump. Sobre o documento estratégico sobre segurança nacional dos Estados Unidos da América que avisa "se as tendências atuais continuarem, o continente [Europa] vai ficar irreconhecível dentro de 20 anos ou menos", vista como uma ingerência do Donald Trump na política europeia, André Ventura recusou-se a criticar o presidente norte-americano - e puxou o assunto para a imigração. Primeiro, atacou a posição dos liberais europeus, onde se integra Cotrim. "Votou favoravelmente os pactos migratórios da UE que querem distribuir migrantes pelos Estados-membros da UE e sancionar Portugal quando não quer receber mais e acho que estamos um bocadinho cheios de migrantes”, acusa o líder do Chega. O liberal recentrou o debate para o documento: “Era uma boa oportunidade de defender o projeto europeu. (...) Temos todos a obrigação de tentar ajudar a Europa a reformar-se. ‘Reformar-se’, homem. (...) Pertencemos à União Europeia.” Sobre assuntos europeus, Ventura atacou o acordo Mercosul - “Os nossos agricultores não aguentam mais e estas elites europeias querem encher a Europa de produtos agrícolas que vão destruir agricultura.” -, mas Cotrim lembrou a criação de 40 mil postos de trabalho e o quão importante é para os produtores "ter tarifas baixas para exportar". “Percebes mais de agricultura do que a CAP”, provocou o liberal.
O KO
Os últimos minutos foram pessoais e sujos. Ventura acusou Cotrim de ser da "elite", "o candidato do Príncipe Real", de ir para Bruxelas "viver reforma dourada" (e de se candidatar a Presidente da República "porque ego é maior do que a personalidade"). “Sou tanto das elites, mas não fui eu passei que passei de ser inspetor tributário para dar conselhos a milionários", contra-atacou Cotrim Figueiredo. Enquanto inspetor tributário, André Ventura contribuiu para que uma empresa de Paulo Lalanda de Castro não pagasse mais de 1 milhão de euros em IVA ao Estado, como o jornalista Carlos Rodrigues Lima escreveu na SÁBADO.
João Cotrim Figueiredo: Fala tanto das elites, mas não fui eu que fui inspetor tributário a dar conselho a milionários de como fugir aos impostos. Isso é que é trabalhar com as elites. Não fui eu que fui chamado, via minha atividade, a testemunhar em tribunal sobre um caso de vistos Gold em tinha dado um parecer positivo à isenção de IVA - e do outro lado estava quem? Lalanda de Castro, grande amigo de José Sócrates. Mas isto não é surpresa: tu já confessaste que votaste no José Sócrates. André Ventura: Isso é falso. Nunca confessei, isso é falso, é mais notícias falsas que andam a espalhar. JCF: A sério? Saiu num livro e num jornal. AV: De livros, a maior parte sobre o Chega são falsos. Apesar de ter negado alguma vez ter votado no socialista, o candidato do Chega chegou a admitir noutras ocasiões ter votado e apoiado o socialista no passado. Na página 33 do livro Dias de Raiva - Os Segredos da Ascensão de André Ventura (2024, Manuscrito), capítulo dedicado às origens do líder político, Ventura explicou como viu com entusiasmo a maioria absoluta de José Sócrates, um homem que via com "firmeza, coragem". "De facto, via-o com firmeza, coragem. Gostava da forma de ele se exprimir e tudo. Enganou-me uma vez, mas não me enganou mais", afirmou. O momento da entrevista está gravado em áudio, que a SÁBADO publica como prova.
O tom do debate endureceu. Em modo de ataque, Ventura acusou Cotrim de ter despedido Manuela Moura Guedes, algo que o liberal negou, acrescentando que esta saiu da TVI por “incompatibilidade” com a administração. No fim, o líder da IL atirou pedofilia contra Ventura: “Os casos de pedofilia sucedem-se no Chega. Quem bate no peito contra a pedofilia não pode ter esta sucessão de casos”, atira Cotrim Figueiredo. “André Ventura não quer ser Presidente da República e não vai ser Presidente da República.”
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