CP diz que "sempre respeitou" e "continuará a respeitar" direito à greve
Sindicato que representa os trabalhadores ferroviários das carreiras comerciais, transportes e chefias diretas da CP acusou a empresa de violação escandalosa do direito à greve.
A CP esclareceu hoje que "sempre respeitou" e "continuará a respeitar" o direito à greve, respondendo à acusação de "violação escandalosa" apontada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), que iniciou esta semana várias jornadas de luta.
"A CP não comunicou quais os comboios escolhidos para os serviços mínimos porque, em total respeito pelo direito à greve, conseguiu suprir os serviços com trabalhadores não aderentes à greve decretada pelo SFRCI", refere a empresa em comunicado, salientando que "sempre respeitou e continuará a respeitar integralmente o direito à greve, no escrupuloso cumprimento da lei".
Na terça-feira, o sindicato que representa os trabalhadores ferroviários das carreiras comerciais, transportes e chefias diretas da CP acusou a empresa de violação escandalosa do direito à greve, ao deslocar um trabalhador do Rossio para a Linha do Sado durante a greve parcial dos funcionários desta linha.
O SFRCI iniciou as várias jornadas de luta com a primeira a decorrer esta semana na Linha do Sado, entre as 05:00 e as 08:00 horas, tendo denunciado em comunicado, na terça-feira, no segundo dia greve, que os trabalhadores "foram surpreendidos pela decisão da empresa em colocar um trabalhador pertencente ao local de trabalho do Rossio, violando grosseiramente o direito legítimo à greve em curso, a realizar comboios na Linha do Sado no período e restantes dias de greve".
Respondendo a esta acusação, a CP refere hoje em comunicado que "não violou, nem viola, o direito à greve", e que por decisão do Conselho Económico e Social (CES) "foram definidos, nos termos da lei, serviços mínimos relativos à greve que foi decretada pelo SFRIC e que está atualmente em curso".
E prossegue: "Do universo de trabalhadores abrangidos pelo aviso prévio de greve -- a saber, todos os trabalhadores que façam trabalho na linha do Sado --, vários não aderiram à greve".
A não adesão por parte deste trabalhadores, que "fazem normalmente trabalho na linha do Sado (posto de Revisão do Barreiro), permitiu à CP manter os serviços necessários à sua operação", sem ter sido necessário recorrer "aos serviços mínimos definidos em sede de arbitragem, no âmbito do CES".
A CP avança que "desde sempre, como hoje, a gestão operacional da linha do Sado (posto de Revisão do Barreiro) faz-se de forma integrada com a do Depósito do Rossio, sendo que, diariamente, se escalam trabalhadores afetos ao Rossio para prestar serviço na linha do Sado".
A este propósito, de acordo com a CP, até o SFRCI "reconhece tal facto no seu pré-aviso de greve", quando alega "abusos de poder perpetrados pelo Inspetor Chefe do Rossio, nomeadamente, na realização de alterações locais à escala do Barreiro em vigor".
"Ainda que assim não fosse, como é, a verdade é que não houve qualquer substituição de grevistas ao arrepio da lei, porquanto, o trabalhador referido pelo SFRCI já se encontrava escalado para o serviço na linha do Sado desde dia 02 de julho de 2020", lê-se no comunicado.
Os trabalhadores comerciais da Linha do Sado (entre o Barreiro e Praias do Sado-A) cumprem esta semana uma greve parcial, entre as 05:00 e as 08:00, contra a gestão operacional da CP, que dizem colocar trabalhadores "em trabalho extraordinário excessivo", e exigem a reposição total da oferta de comboios a nível nacional.
O SFRCI alega ainda que os trabalhadores estão contra a proposta de regulamento de carreira apresentada pela CP, que "extingue as categorias profissionais de operação de revisão e venda e operação venda e controlo e os técnicos comerciais".
O sindicato apontou uma taxa de adesão na ordem dos 90%, no primeiro dia da paralisação, sendo que acusou também a CP de ter violado a decisão do tribunal arbitral "que obrigava a empresa a indicar os quatro comboios de serviços mínimos que iria realizar".
A estrutura sindical disse não ter, "até terça-feira, recebido qualquer indicação" a este propósito, o que "impediu o sindicato de designar os trabalhadores que ficariam adstritos à prestação dos serviços mínimos definidos".
A direção do sindicato garantiu na terça-feira que vai "apresentar [uma] denúncia a todas entidades competentes", e assegurou que os trabalhadores da CP vão continuar a lutar pelos seus direitos, "colocados em causa por um Conselho de Administração que continua a pactuar com discriminações grosseiras".
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