CHUC: talvez haja cirurgias, segunda-feira, ou talvez não
Diretor de serviço denuncia que a escala de anestesistas para a segunda quinzena de março não foi divulgada, pelo que não se sabe se esta segunda-feira haverá cirurgias. Centro hospitalar garante que toda a atividade está salvaguardada, escusando-se a revelar se foi conhecida a tal escala.
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) garante àSÁBADOque toda a sua atividade se encontra "devidamente assegurada", mas omite se há anestesistas em escala de trabalho destinados às cirurgias agendadas, por exemplo, para 15 de março.
Segundo um diretor de serviço hospitalar, a escala – que existe, em regra, com bastante antecedência – não foi divulgada para a segunda quinzena do mês, omissão geradora de "inadmissível incerteza".
ÀSÁBADO, o gabinete de comunicação do CHUC limitou-se a indicar estar "garantida resposta aos utentes", tendo, porém, descartado responder à segunda pergunta sobre se, sexta-feira (12), foi conhecida a escala de serviço dos anestesistas.
"Um aspeto é existir escala e não ter sido divulgada, devido a qualquer percalço, coisa diferente é não haver", com as consequências que isso acarreta para os doentes a aguardar serem submetidos a intervenção, declara o cirurgião aposentado Carlos Costa Almeida.
De acordo com o médico e professor universitário, as escalas de trabalho dos anestesistas são conhecidas, habitualmente, com razoável antecedência, sendo desejável que os profissionais estejam a par do historial clínico dos pacientes.
Um diretor de serviço que prestou declarações àSÁBADO, sob anonimato, estranha "o conformismo instalado", vincando haver quem se alheie de um episódio insólito como é a falta de publicação de escalas de trabalho.
"Caso não compareçam anestesistas, segunda-feira (15), para realização de cirurgias programadas, engrossa-se o volume das operações adiadas, em desrespeito pelos pacientes", adverte o médico, alertando para o risco de desaproveitamento de profissionais de saúde cujo trabalho é, hoje em dia, tão importante.
Por seu lado, Carlos Costa Almeida lamenta a existência de "apenas um médico" – Nuno Devesa, diretor clínico – com assento no Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, cujo elenco é composto por cinco pessoas.
Acresce, para Costa Almeida, que consistindo o CHUC num centro hospitalar e universitário, era desejável a existência de um professor de Medicina entre os membros do mesmo Conselho.
Em recente artigo de opinião, o secretário regional do Centro do Sindicato Independente de Médicos (SIM), José Carlos Almeida, questionou "a [falta de] ambição do CHUC enquanto maior centro hospitalar" da sua zona de implantação. Neste contexto, o médico lamenta a alegada "degradação de alguns serviços, outrora de reconhecido prestígio".
"Temo que a ambição do CHUC seja a de se afirmar não enquanto Centro Hospitalar e Universitário (…), mas como Centro Hospitalar Distrital e Universitário de Coimbra", conclui José Carlos Almeida.
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