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Casa de Manoel de Oliveira é sede da Fundação Sindika Dokolo na Europa

18 de janeiro de 2016 às 20:18

Edifício foi hoje vendido por 1,58 milhões de euros, pela Câmara do Porto, à Supreme Treasure, empresa gerida por Mário Leite da Silva, representante da empresária angolana Isabel dos Santos

A casa do cineasta Manoel de Oliveira, no Porto, vendida esta segunda-feira por 1,58 milhões de euros, vai ser a nova sede da Fundação Sindika Dokolo para a Europa e um "espaço de reflexão e aprendizagem para jovens artistas".

"Ao nos estabelecermos num edifício como a Casa Manoel de Oliveira, em plena Foz portuense, estamos a afirmar a nossa intenção em contribuir para tornar o Porto ainda mais cosmopolita e mais cultural", referiu, em comunicado, o presidente da Fundação, Sindika Dokolo, casado com Isabel dos Santos, filha do presidente angolano.

O edifício idealizado há duas décadas, para acolher o espólio do cineasta Manoel de Oliveira, foi hoje vendido por 1,58 milhões de euros, pela Câmara do Porto, à Supreme Treasure, empresa gerida por Mário Leite da Silva, representante da empresária angolana Isabel dos Santos, segundo informação hoje consultada pela Lusa

A casa foi vendida numa segunda hasta pública depois de a primeira, em 2014, ter ficado deserta.

"Neste espaço vamos promover redes de reflexão artística e fortalecer laços entre Portugal e Angola, a Europa e África, numa ode à arte enquanto elemento unificador de povos e países", frisou Sindika Dokolo, casado com Isabel dos Santos.

Promover a cultura, nomeadamente a arte, é o objectivo subjacente à Fundação Sindika Dokolo, um centro de arte contemporânea que, para além de reunir obras, visa proporcionar condições e promover actividades com vista à integração de artistas nos círculos internacionais do mundo da arte.

Depois de ter promovido a exposiçãoYou Love Me, You Love Me Not, uma das mais importantes da arte contemporânea na Europa, nos Jardins do Palácio de Cristal, em 2015, a Fundação Sindika Dokolo reforça assim a sua ligação à cidade do Porto.

Em Março de 2015, o mecenas recebeu a medalha municipal de mérito, Grau Ouro, pela Câmara Municipal do Porto, uma homenagem e reconhecimento da cidade pelo seu contributo para a cultura local.

A colecção de arte da Fundação Sindika Dokolo, criada em 2003, em Luanda, Angola, é composta por mais de 3.000 obras, entre pinturas, gravuras, fotografias, vídeos e instalações, da autoria de 90 artistas de 25 países, lê-se na nota.

Para o presidente da autarquia do Porto, Rui Moreira, a venda da casa é "mais do que um alívio" porque "existia uma preocupação grande" por esta estar "ao abandono", pelo que "além do interesse monetário" da venda, também é resolvido "um problema de reabilitação".

"É uma casa da autoria de Souto Moura, portanto tem desde logo um impacto relevante na cidade do ponto de vista arquitectónico e era um activo que estava perdido porque o uso para que foi concebido nunca foi concretizado e não foi com certeza por culpa da câmara municipal", disse.

A Casa Manoel de Oliveira foi lançada em 1998, sem que tivesse sido formalizado um acordo com o realizador para o uso da casa, o que acabaria por condicionar o futuro do imóvel que ficou concluído em 2003, mas nunca teve o uso para que foi pensado.

Em 2007, o advogado do cineasta responsabilizou a câmara, liderada pelo social-democrata Rui Rio, pelo fracasso da criação da casa-museu.

Cerca de quatro anos depois, o filho do realizador, José Manuel Oliveira, informou que se tinha gorado, por falta de acordo, a hipótese de transferência do acervo para o edifício, notando que a conduta da autarquia tinha levado o cineasta a não aceitar a "Chave da Cidade".

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