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Câmara do Seixal empenhada em acabar com o "pó branco e pó escuro" em Paio Pires

29 de janeiro de 2019 às 21:11

Joaquim Tavares, vereador do Ambiente na câmara, explicou que nos últimos 15 dias tem-se registado com alguma intensidade um pó branco que chega a "cobrir na totalidade as viaturas" na zona industrial do concelho.

O vereador do Ambiente na Câmara doSeixaldisse esta terça-feira que é preciso identificar e eliminar a origem não só do pó branco que tem aparecido recentemente na Aldeia de Paio Pires, como o pó escuro, frequente desde 2014.

"Não pode haver pó branco, nem pó escuro. Temos é que identificar de onde é que ele vem e eliminar a origem. Essa é a questão fundamental que hoje está em cima da mesa, porque o mal, se tiver que fazer, já o fez. Agora se pudermos impedir que volte a acontecer, esse é o nosso propósito", explicou Joaquim Tavares, em declarações à Lusa.

Segundo o vereador do Ambiente, nos últimos 15 dias tem-se registado com alguma intensidade um pó branco que chega a "cobrir na totalidade as viaturas" na zona industrial do concelho, em Paio Pires, tendo a autarquia já recebido "dezenas de reclamações" em relação à qualidade do ar.

Também em 2014 se verificaram poeiras escuras nesta área, "uma poluição que se identificava como sendo da Siderurgia Nacional", atualmente denominada como SN-Seixal, que produz aço e derivados do aço a cerca de 300 metros do centro histórico da Aldeia dePaio Pires,segundo o autarca.

Na altura, através da criação de um grupo de trabalho com representantes da autarquia e doGoverno, foi concluído que "a exploração da empresa não respeitava todos os condicionamentos legais" e foi dado um prazo até ao final de 2015 para se resolver o problema.

Em Paio Pires um pó branco tem de ser tirado dos carros com palha-de-aço

Um pó branco abateu-se sobre automóveis e edifícios na Aldeia de Paio Pires, no Seixal. A substância foi recolhida pela GNR e está a ser investigada pelo Ministério Público (MP). O pó caiu sobre a aldeia a 19 de janeiro e as amostras foram encaminhadas para a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), "no sentido de serem efetuadas as respetivas análises".



Já em relação ao pó branco, Joaquim Tavares esclareceu que não pode precisar que esteja relacionado com a Siderurgia, mas que "de certeza está ligado à atividade industrial".

Apesar de não ter competências na matéria de avaliação de qualidade do ar, o executivo municipal tem procurado esforços junto das entidades competentes para resolver a situação, tendo já alertado o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, a Agência Portuguesa do Ambiente e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

Contudo, "considerando a inércia das entidades competentes", a Câmara do Seixal decidiu em 2017 avançar com a elaboração de um estudo epidemiológico e ambiental para avaliar o impacto da Siderurgia no concelho, a medição do nível de ruído e a elaboração de uma Carta de Qualidade do Ar.

Ainda não há previsão de quando serão divulgados os resultados destas análises, mas Joaquim Tavares garante que será "tão breve quanto possível".

Caso se verifique que o aparecimento destas poeiras esteja relacionado com a atividade daSiderurgia Nacional, o autarca afirma que a unidade terá que assumir as responsabilidades.

"Todas as [medidas] que forem necessárias, se for preciso suspenderem a produção, têm que suspender, não podem é estar a poluir o ar desta maneira, é impensável. E hoje há tecnologias para resolver todas estas questões. Depois de identificadas, certamente há tecnologias para resolvê-las e têm que investir nessas tecnologias", defendeu.

O município tem ainda alertado o Governo para a necessidade de instalação de outra unidade de medição da qualidade do ar em Paio Pires.

"Até agora não conseguimos que se concretizasse, por isso, o estudo em análise vai ajudar a perceber se vale a pena ou não ter outra estação. Nós pensamos que sim, que vale apena, para podermos estar mais tranquilos e tranquilizar a população sobre o ar que respiram", disse.

O jornalPúblicoavançou esta terça-feira que o Ministério Público já está a investigar as amostras de pó branco e poluição, recolhidas em 19 de janeiro pela GNR, em automóveis e edifícios na Aldeia de Paio Pires, as quais foram encaminhadas para a Agência Portuguesa do Ambiente.

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