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Barraca da Boavista entre a estrada da morte e uma floresta de cinza

19 de junho de 2017 às 22:49

os restos de um veículo automóvel calcinado confundem-se com o alcatrão da estrada

Em Barraca da Boavista, os restos de um veículo automóvel calcinado confundem-se com o alcatrão da principal estrada de acesso à pequena povoação da freguesia de Vila Facaia, no concelho de Pedrógão Grande.

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Foto: Reuters
Foto: Paulo Cunha/Lusa
Foto: Paulo Cunha/Lusa

O que sobra dos destroços não permite sequer identificar o tipo de viatura que era, mas quem ali mora sabe que se trata da carrinha do padeiro.

"Mas ele [o padeiro] salvou-se", disse à agência Lusa Rui Fonseca, um dos poucos habitantes da localidade, que, como os vizinhos, não consegue explicar como ardeu ali o carro, sem nada à volta que lhe pudesse atear o fogo.

"Pensa-se que a carrinha foi tomada pelas chamas lá em baixo", no outro extremo da localidade, onde acaba a floresta que o incêndio do norte interior do distrito de Leiria destruiu por completo, conta Rui Fonseca.

Ao chegar ali, o padeiro terá abandonado a viatura, mas "só ele pode dizer" se realmente foi assim que se passaram as coisas, mas, desde então, ninguém, em Barraca da Boavista, conseguiu falar com ele.

"Tudo o que era verde ardeu, perderam-se armazéns e produtos agrícolas", um carro e uma camioneta, mas felizmente, não se perdeu nenhuma casa".

Nem morreu ninguém, sublinha Irene, estudante de engenharia informática em Coimbra, e também ali residente (pelo menos nas férias e aos fins de semana), destacando que, no entanto, continua sem saber-se do paradeiro de nove pessoas da mesma família.

A maior parte dos elementos dessa família residem em Lisboa e estavam a passar ali o fim de semana. Não voltaram a ser vistas desde então e admite-se que tenham regressado logo a Lisboa, com os dois parentes que vivem em Barraca da Boavista.

Aparentemente, e pelo menos que se saiba, Barraca da Boavista não tem vítimas mortais a lamentar, mas quem passou a noite de sábado ali, "jamais esquecerá esta tragédia", garantem os habitantes, que, entretanto, se vão juntando à conversa.

Não bastava isso e "ainda temos este cenário", de cinza e carvão que rodeia a aldeia e o bloqueio dos automóveis na já designada estrada da morte (EN 236-1), a poucas centenas de metros de Barraca da Boavista.

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