As novas medidas de Portugal para enfrentar o coronavírus
Alargada distribuição de folhetos a voos provenientes de Itália, ativados mais hospitais de referência em Lisboa, Porto e Coimbra e alterados critérios de triagem que passam a ter como referência a área geográfica atingida. País teve mais dois casos suspeitos que deram negativo.
Portugal, e restantes países europeus, vão passar a fazer a triagem de casos de infeção pelo novo coronavírus tendo como novo critério a área geográfica atingida pelo surto do Covid-19, anunciou esta segunda-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS).
O novo critério foi estabelecido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, somando-se aos sintomas ou ao percurso e contactos pessoais do doente ou suspeito, disse em conferência de imprensa a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, lembrando que há focos de infeção relevantes fora da China, onde começou a epidemia, como Itália, Japão, Coreia do Sul, Singapura e Irão. "Qualquer foco de infeção fora da China é motivo de preocupação", assumiu Graças Freitas, num balanço aos jornalistas sobre a infeção pelo Covid-19.
A diretora-geral da Saúde disse "acompanhar o pensamento" do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), que hoje alertou para a eventualidade de uma pandemia, mas ressalvou que as medidas são equacionadas em função dos riscos, que, no caso de uma epidemia, são mutáveis. "Adequamos a proporcionalidade das medidas ao risco", vincou.
Atenção redobrada aos voos provenientes de Itália
Como medida para enfrentar as mutações do Covid-19, a DGS vai alargar a distribuição de folhetos informativos sobre o novo coronavírus aos voos que cheguem a Portugal provenientes de Itália.
A distribuição de folhetos informativos aos passageiros a bordo dos aviões, com conselhos sobre o que fazer em caso de suspeita e contactos telefónicos, já tinha sido adotada para os voos que chegam a Portugal provenientes da China, onde começou o surto do Covid-19. Em relação a Itália, ainda não há uma data para ser concretizada.
Nos aeroportos portugueses, a informação aos viajantes será reforçada com cartazes e folhetos escritos também em italiano (além de português, inglês e chinês). A linha telefónica de apoio ao médico será igualmente reforçada.
Graça Freitas assinalou que, apesar do "nível de risco e preocupação" ter aumentado devido ao surto em Itália, não há indicações da Organização Mundial da Saúde e da União Europeia para adotar medidas de controlo nos aeroportos, sendo recomendável o "reforço de medidas pedagógicas, de aconselhamento" das pessoas.
A diretora-geral da Saúde reiterou que o controlo da temperatura corporal, que é feito em alguns aeroportos no estrangeiro, "não é muito eficaz nem suficiente", uma vez que nem todos os casos de infeção manifestam imediatamente sintomas como febre. Graça Freitas lembrou ainda que a entrada de pessoas em Portugal faz-se igualmente por outras vias, nomeadamente por estrada.
Além do reforço da informação ao público, a DGS defende outras "medidas de prevenção", habitualmente aplicadas também em situações de gripe, como a higiene das mãos.
Reforço nas unidades hospitalares
A Direção-Geral da Saúde também anunciou que que ativou os hospitais de Santa Maria, S. José (Lisboa), Coimbra e Santo António (Porto) para validar casos suspeitos de infeção pelo novo coronavírus (Covid-19).
Até à data apenas estavam ativados como hospitais de referência para estes casos o Curry Cabral e o Dona Estefânia, em Lisboa, e o S. João, no Porto.
Além destas três unidades, passam a estar em prontidão para a eventualidade de surgirem mais casos suspeitos, devidamente validados por médicos, os hospitais de Santa Maria e S. José, em Lisboa, Santo António, no Porto, e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (incluindo o hospital pediátrico).
Trata-se de hospitais de referência de "segunda linha" para a contenção da infeção pelo Covid-19.
A partir de quarta-feira, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, passam a poder fazer análises laboratoriais aos casos suspeitos.
Até à data, as análises são feitas no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em Lisboa, e, mais recentemente, no Hospital S. João, no Porto.
Graça Freitas revelou que existem dois mil quartos de isolamento nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, muito embora "qualquer zona possa ser transformada numa zona de isolamento" caso venha a ser necessário.
Graças Freitas assegurou que as urgências hospitalares "estão em alerta" e "têm um espaço de isolamento", estando o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a preparar o reforço de equipamento apropriado para que "qualquer ambulância" possa transportar até aos hospitais de referência pessoas suspeitas de terem o novo coronavírus.
Até agora, o transporte é feito com quatro ambulâncias do INEM de Lisboa, Porto, Coimbra e Faro. "Temos que nos preparar e retardar as cadeias de transmissão", frisou Graça Freitas, na sede da DGS, onde fez o ponto da situação da infeção pelo Covid-19.
Segundo a diretora-geral da Saúde, Portugal não está livre de importar o novo coronavírus, família de vírus que causa infeções respiratórias como pneumonia.
O surto do Covid-19, que começou na China, já infetou mais de 79.000 pessoas em todo o mundo, de acordo com os números das autoridades de saúde dos cerca de 30 países afetados.
O número de mortos devido ao novo coronavírus subiu para 2.592 na China continental, que contabilizou mais de 75 mil infetados, quase todos na província de Hubei, epicentro da epidemia.
Além das vítimas mortais na China continental, já houve também mortos no Irão, Japão, na região chinesa de Hong Kong, Coreia do Sul, Filipinas, Estados Unidos e Taiwan. Na Europa, os países mais afetados são a Itália e a França.
Em Portugal já houve 14 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises.
Há um português infetado que trabalha num navio de cruzeiros que se encontra de quarentena no porto de Yokohama, no Japão, e que será transferido hoje de madrugada (hora em Lisboa) para um hospital de referência japonês.
A OMS declarou o surto do Covid-19, família de vírus que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, como emergência de saúde pública internacional devido ao risco de propagação à escala global.
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