António José Seguro – que por acaso está na oposição e não tem, portanto, que atender os telefonemas da chanceler Merkel nem que aplicar as incríveis promessas que gosta de fazer – leu há dias um discurso ao País e, com a solenidade que muitas vezes oculta a superficialidade, explicou que tinha rompido as negociações com o PSD e o CDS. A razão é simples: o líder do PS é o insigne portador de uma receita de “esquerda” para a crise que não tem nada a ver com a austeridade. E os detalhes são fascinantes: Seguro quer aumentar o salário mínimo e as pensões mais baixas, quer estender o subsídio social de desemprego e congelar os cortes no Estado, quer diminuir o IVA dos restaurantes e reduzir o IRC.