Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
01 de setembro de 2020 às 07:00

O ladrão do tempo

O vírus não se limita a enfraquecer-nos e a liquidar-nos. O vírus come devagar o nosso bem mais precioso: o tempo. O tempo da serenidade e o tempo da alegria desapareceram-nos, feitos grãos de areia entre os dedos. Até o tempo de falarmos de outra coisa nos foi tomado.

Esta semana completa-se meio ano sobre o primeiro caso de infecção por Covid-19 detectado em Portugal. São 180 dias do "novo normal" - haverá maior anormalidade do que esta? O primeiro doente da estirpe de coronavírus era um médico de 60 anos que estivera de férias no norte de Itália (sobreviveu? Sobre que destroços refez a sua vida?) mas poderia ter vindo de uma sabática em Marte. Era isso que sabíamos da pandemia a 2 de Março: nada. Hoje sabemos pouco mais, mas compreendemos o suficiente para perceber que a Covid-19 devora os filhos como Cronos: na mesma indiferença entomológica, como um adolescente da cidade que, no campo, observa uma carreira de formigas à medida que se afogam numa minúscula poça de água.

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