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Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
15 de maio de 2022 às 10:00

Matar mulheres devagarinho

Mais de metade dos estados irão repor a proibição do aborto, mesmo em casos de violação ou incesto. Claro que as maiores vítimas deste controlo judicial e político do livre-arbítrio das mulheres serão as mais pobres, sem capacidade económica para viajar para os estados onde ainda é possível exercerem a sua consciência.

NUMA DAS CENAS mais impressionantes de O Acontecimento, de Audrey Diwan, vencedor do Leão de Prata do Festival de Veneza de 2021, uma rapariga francesa de 20 anos com o sonho de ter uma vida independente em 1963, tenta abortar com uma agulha de croché (a legalização do aborto só chegaria a França em 1975). A cena é filmada de forma discreta, mas uma mulher jovem a arriscar a vida porque o Estado lhe proíbe e a sociedade lhe censura a liberdade reprodutiva é uma paisagem humana cruel.

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