A noite é um país diferente. A noite é um território físico e mental onde procuramos desempenhar um papel que julgamos melhor do que a nossa luminosa realidade, mas que resulta sempre pior do que desejámos. Até um cronista bicho-do-mato precisa, por vezes, de frequentar a grande cidade das sombras. Ao fim-de-semana, como uma alcoviteira gananciosa em pátria sob forças invasoras, Lisboa recebe exércitos de putos com as calças a cair pelo rabo, miúdas de traços góticos e lábios escuros, turistas de pernas longas e face leitosa com garrafas de cerveja na mão como cambaleantes lanternas, geeks, mods, betos e uma portentosa ala de desamorados, os que já tinham idade para ter juízo.

Este país, a noite

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