A imagem do gato começou com uma bola, passou para pólvora e terminou no cianeto, reproduzindo o estado de alma cada vez mais sombrio dos dois cientistas, perturbados pela ascensão nazi
Em Agosto de 1935, o físico Erwin Schrödinger culminou uma série de cartas trocadas com Einstein sobre as armadilhas da física quântica (essa ciência mais próxima do ocultismo do que do velho nexo de causalidade) com a descrição de uma poderosa imagem, depois conhecida como o Gato de Schrödinger: nela, os estados quânticos são interrogados através do exemplo de um gato numa caixa fechada que pode estar simultaneamente vivo e morto. Se um observador abre a caixa e detecta material radioactivo, o gato está morto. Se não, o gato está vivo – o felino "existe" assim num estranho estado quântico de vida-morte. O professor do MIT David Kaiser recorda na revistaNautilusque o produto cujo decaimento radioactivo poderá matar o gato era cianeto de hidrogénio, depois conhecido como Zyklon B, o composto responsável pela morte de 6 milhões de judeus nas câmaras de gás do III Reich. A imagem do gato começou com uma bola, passou para pólvora e terminou no cianeto, reproduzindo o estado de alma cada vez mais sombrio dos dois cientistas, perturbados pela ascensão nazi. O Princípio da Incerteza de Heisenberg selou a natureza volátil da matéria no estado quântico, como se a instabilidade do mundo dos homens recebesse a resposta mais adequada no universo microscópico. Em 2016, continuamos a viver sob o Princípio da Incerteza: o nosso dinheiro existe apenas enquanto fluxo electrónico, não está guardado em qualquer caixa-forte; e não são as nossas relações virtuais, como as do Facebook, simultaneamente reais e fictícias?
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