Há uma bizarra indiferença a putativos acontecimentos no futuro pós-eleitoral, que não são analisados, nem discutidos, a não ser no domínio do lugar-comum, da mentira, da dissimulação e do erro. É o caso da aliança que se considera adquirida entre o PSD (o PSD é a AD…) e a possibilidade de uma aliança com a Iniciativa Liberal. Adquirida como? Na verdade, a mais relevante diferença substantiva, no plano dos princípios programáticos é a que existe entre o PSD e a IL. Mesmo em relação ao Chega as diferenças de estilo ou de excesso entre o actual PSD e o Chega, que nasceu no seu seio, são menos nítidas no contexto ideológico do que com a IL. O programa do PSD que se apresenta como “social-democrata” é suposto recusar o posicionamento ideológico da IL, e vice-versa. A maioria das coisas que, mesmo nesta campanha, Montenegro diz sobre o papel do Estado, sobre a segurança social, sobre privatizações, a começar pela CGD, são o exacto oposto do que diz a IL. E, no entanto, acha-se natural que os dois partidos se juntem num programa de governo caso a composição de deputados no próximo parlamento o permita.