Nove breves notas sobre as eleições europeias
A vitória de Pedro Nuno e Cotrim de Figueiredo, a derrota de Ventura, Catarina Martins e João Oliveira e o truque de Luís Montenegro
A vitória de Pedro Nuno e Cotrim de Figueiredo, a derrota de Ventura, Catarina Martins e João Oliveira e o truque de Luís Montenegro
A vitória curta da AD. A queda estrondosa do PS. A noite de glória do Chega. O adulto da sala da esquerda. E o fenómeno dos 100 mil votos num partido inexistente.
Na passagem de testemunho, António Costa não conseguiu melhor do que elogiar a idade de Pedro Nuno Santos. Foi pouco. Mas mostrou, com entusiasmo, que continua longe da reforma
Pedro Nuno Santos representa a continuidade de tudo o que está em causa na crise que levou à queda do Governo: a informalidade, a gestão irresponsável dos recursos do Estado, a desvalorização dos comportamentos ou a ocupação pelo PS de cargos no aparelho do Estado.
E se nos cinco meses até à eleição e tomada de posse do novo governo o Supremo Tribunal de Justiça arquivar o inquérito a António Costa?
O atual conflito, como os anteriores, está a criar as condições para que as próximas gerações não se entendam e que a solução dos dois Estados nunca venha a ser aplicada. A vingança nunca foi uma boa política para se encontrar uma solução para um problema.
O País enfrenta um momento decisivo. O PS precisa de colocar os interesses dos portugueses, sobrecarregados com impostos, taxas de juro e de inflação elevadas, à frente dos jogos partidários. António Costa não precisa de muitos conselheiros para o concluir. Basta-lhe ler o seu próprio discurso.
É provável que as pessoas com quem António Costa fala na rua não lhe levantem o tema da corrupção - quem sabe estão mais preocupadas em pagar a renda, a alimentação, com a saúde ou a educação dos filhos. Mas se há alguém que deveria estar preocupado com a corrupção na Defesa, e não desvalorizá-la, é o primeiro-ministro.
Depois de roubar a bandeira das contas certas ao centro-direita, António Costa tem no Ministério das Infraestruturas a principal arma para deixar um legado ao País. E isso não se coaduna com mudanças sucessivas de ministros, com todos os atrasos na aplicação de recursos que essas trocas implicam.
No primeiro ano como presidente do PSD, Luís Montenegro foi incapaz de definir o que o partido representa, de enumerar um conjunto de bandeiras agregadoras ou de mostrar de forma clara e simples o que poderá fazer uma vez chegado ao poder.
Pior do que um político ser apanhado a mentir é sair incólume dessa mentira. Cria uma sensação de impunidade e é um incentivo a que outros o façam. É nesta fase que o Governo se encontra. A mentira tornou-se estrutural. É uma tendência perigosa para a democracia - e o ingrediente perfeito para o crescimento de populistas.