Sábado – Pense por si

João Pedro George
João Pedro George
30 de janeiro de 2019 às 09:00

Superintelectual

Convencidos de que estes livros falam deles, que os explicam em aspectos do seu temperamento e comportamento que eles próprios não conseguem explicar, os leitores adquirem as obras de Eduardo Lourenço com a percepção antecipada de um prazer, com o mesmo gozo do criminoso que vai ler notícia do seu próprio crime

No entender de Eduardo Lourenço, Portugal é um país passivo, impotente, alheado, apático, alienado, cego-surdo-e-mudo, sonambúlico, fantasmático e ausente de si próprio. É uma sociedade indiferentista, opaca, envolta em nevoeiro, invisível a si mesma, com falta de memória, avessa a elucubrações filosóficas, pouco inclinada à problematização, que procura iludir as exigências da realidade e prefere viver em permanente representação, revelando uma inquietante tendência para se afogar na sua própria existência como tragédia ou

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais