Sábado – Pense por si

João Pedro George
João Pedro George
30 de janeiro de 2019 às 09:00

Superintelectual

Convencidos de que estes livros falam deles, que os explicam em aspectos do seu temperamento e comportamento que eles próprios não conseguem explicar, os leitores adquirem as obras de Eduardo Lourenço com a percepção antecipada de um prazer, com o mesmo gozo do criminoso que vai ler notícia do seu próprio crime

No entender de Eduardo Lourenço, Portugal é um país passivo, impotente, alheado, apático, alienado, cego-surdo-e-mudo, sonambúlico, fantasmático e ausente de si próprio. É uma sociedade indiferentista, opaca, envolta em nevoeiro, invisível a si mesma, com falta de memória, avessa a elucubrações filosóficas, pouco inclinada à problematização, que procura iludir as exigências da realidade e prefere viver em permanente representação, revelando uma inquietante tendência para se afogar na sua própria existência como tragédia ou

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A lagartixa e o jacaré

Dez observações sobre a greve geral

Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.

Adeus, América

Há alturas na vida de uma pessoa em que não vale a pena esperar mais por algo que se desejou muito, mas nunca veio. Na vida dos povos é um pouco assim também. Chegou o momento de nós, europeus, percebermos que é preciso dizer "adeus" à América. A esta América de Trump, claro. Sim, continua a haver uma América boa, cosmopolita, que gosta da democracia liberal, que compreende a vantagem da ligação à UE. Sucede que não sabemos se essa América certa (e, essa sim, grande e forte) vai voltar. Esperem o pior. Porque é provável que o pior esteja a chegar.