Rendeiro morreu de forma trágica, que deve ser profundamente lamentada, e que culminou uma sucessão de equívocos em toda a sua vida. Enganou-se sobre o poder que tinha. Depois, enganou-se sobre os amigos que julgava ter cultivado, no tempo em que tinha fortuna e poder
São poucas as coisas que sei sobre João Rendeiro. Nunca o conheci e todas elas decorrem da circunstância de ter feito uma notícia ou outra sobre os seus processos judiciais. Também nunca acompanhei, em detalhe, esses três inquéritos que lhe valeram, por junto, uns 19 anos de cadeia. Nunca fui um especialista, digamos assim, do caso BPP e dos ziguezagues de Rendeiro pela vida. Ao contrário de uma imensa maioria que tem pululado pela televisão e pelas páginas dos jornais, gente cheia de certezas e, espantemo-nos, alegadamente de informação fidedigna, só tenho duas ou três opiniões sobre Rendeiro. Opiniões que fui formando ao longo dos anos, no essencial como leitor e editor de notícias alheias, ou mero observador da sua dimensão de figura pública. Rendeiro morreu de forma trágica, que deve ser profundamente lamentada, e que culminou uma sucessão de equívocos em toda a sua vida. Enganou-se sobre o poder que tinha. Depois, enganou-se sobre os amigos que julgava ter cultivado, no tempo em que tinha fortuna e poder. Com o tempo, enganou-se também sobre a justiça portuguesa. Achou que conseguia empatá-la infinitamente e não percebeu que os seus processos estavam a ser investigados por gente muito competente, na Polícia Judiciária e no Ministério Público. Gente avisada, que dividiu o caso em três inquéritos, evitou o megaprocesso, geriu com uma racionalidade milimétrica a aquisição de prova e conseguiu aquilo que todos os investigadores almejam: três condenações enxutas. Sem espinhas, como diz o povo.
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