Quando o jornalismo é moldado por perceções, convicções e visões do mundo muito próprias, acaba por se afastar da sua missão. As eleições americanas deram uma nova machadada na sua credibilidade. É necessário recuperá-la, a bem não só do jornalismo mas da própria democracia.
Ao longo dos últimos meses, a maioria dos órgãos de comunicação publicou centenas de notícias sobre as eleições americanas. A esmagadora maioria para relatar os mais recentes impropérios e ameaças de Donald Trump, os seus comportamentos erráticos, ofensivos e misóginos, os seus processos judiciais e, nas últimas semanas de campanha, sobre como antigos colaboradores o classificaram de fascista. Numa escala semelhante, multiplicaram-se as notícias e análises sobre a decência de Kamala Harris, o pioneirismo que seria a sua eleição como presidente dos EUA, a sua missão na defesa dos direitos das mulheres e sobre a absoluta necessidade da sua vitória para preservar a democracia americana e a estabilidade mundial. O público soube também de sondagens que a davam sistematicamente à frente do voto popular, isto apesar da tendência de subida do republicano nos estados decisivos. Até muito tarde na noite eleitoral a democrata era a vencedora anunciada. Por isso, não admira que muitos portugueses se questionem: se era assim, como foi possível Trump vencer a eleição, ganhar todos os estados decisivos e ainda o voto popular?
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É muito evidente que hoje, em 2025, há mais terraplanistas, sim, pessoas que acreditam que a Terra é plana e não redonda, do que em 1925, por exemplo, ou bem lá para trás. O que os terraplanistas estão a fazer é basicamente dizer: eu não concordo com o facto de a terra ser redonda.
O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.
O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.