O discurso de Donald Trump na AG da ONU foi um insulto às Nações Unidas, uma humilhação para Guterres, uma carta aberta a determinar a derrotada da Ordem Internacional Liberal, baseada no sistema onusiano. Demasiado mau para passar em claro, demasiado óbvio para fingirmos que não vimos.
O espetáculo miserável de mentiras, insultos e obsessão narcísica feito por Trump na AG da ONU selou, em direto e para todo o mundo, a derrocada da Ordem Internacional Liberal. Quando passar tempo suficiente para deixarmos de estar tão anestesiados pela banal espuma dos dias, e pela repetição de momentos bizarros e anormais protagonizados por quem voltou à Casa Branca em janeiro passado, estou certo que esse discurso será recordado, nos livros de História (se ainda os houver, na altura...) como um dos momentos chave do fim de um tempo em que esperávamos dimensão, classe e dignidade quando um Presidente americano se dirigia ao mundo na sede do multilateralismo. Não foi um acaso, muito menos um erro. Foi deliberado e intencional. Com rudeza, arrogância e uma violência verbal inusitada, Trump insultou a ONU, rotulou os seus responsáveis de incompetentes e ingratos, sentenciou que os países europeus "estão a caminho do inferno" por, supostamente, estarem a praticar a política de portas escancaradas à imigração (quais?) e apostar nas energias verdes. Num desbragado ataque às evidências científicas, Trump voltou à conversa de que "as alterações climáticas são uma fraude". Insinuou que o tentaram sabotar com o episódio da escada rolante avariada, contou uma história de construtor civil sobre ter proposto uma "total remodelação deste edifício da ONU, por 500 milhões de dólares punha tudo isto lindo, com chão de mármore". Não, não dá para desvalorizar ou "contextualizar". Muito menos para encolher os ombros e atirar que "é só mais uma do Trump, até teve piada". A intenção era selar a derrocada da ONU como instituição respeitável. Acabar com a solenidade dos discursos naquele palco. E isso é grave. Mostra que os EUA têm um Presidente sem dimensão. E não, a "culpa" não é "da Europa". É de Trump, um Presidente sem dimensão.
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O discurso de Donald Trump na AG da ONU foi um insulto às Nações Unidas, uma humilhação para Guterres, uma carta aberta a determinar a derrotada da Ordem Internacional Liberal, baseada no sistema onusiano. Demasiado mau para passar em claro, demasiado óbvio para fingirmos que não vimos.
Tem razão o governo em substituir o “conceito de rendas acessíveis” para esta “moderação” que é tudo menos “acessível”. Mas em que mundo, esta gente do governo anda.
Quem rasga as vestes pelo perigo que o Chega possa representar para o regime não pode colocar-se na mesma posição e tentar, do outro lado, subverter o amado regime para travar o Chega.