Um luto intermitente
Bruno Nogueira Humorista
16 de novembro

Um luto intermitente

Já o disse antes: ter filhos é a melhor e a pior coisa do mundo, tudo ao mesmo tempo. Algures num túnel de Gaza, na melhor das hipóteses, a Emily vai fazer anos. E nesse mesmo dia, cá em cima, aquele pai continuará sem saber se perdeu uma filha de 8 anos, ou se espera o regresso de uma filha de 9.

SEMPRE QUE SE aproxima a data de aniversário de uma filha minha, o que quer que esteja a acontecer dentro do meu corpo enche-se de alegria e de tristeza. É uma coisa que mora cá dentro e que não tem um nome certo, mas que me acontece todos os anos. Vê-las desbravar dias novos, rodeadas de amigos que querem o melhor delas e para elas. Vê-las a entrar de mansinho no mundo que assusta tanto, deixar de lhes dar a mão para atravessarem a estrada, e acreditar que vai correr tudo bem. Há uma poema do poeta Daniel Maia-Pinto Rodrigues, que vai assim:

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