NEWSLETTER EXCLUSIVA PARA ASSINANTES Novidades com vantagens exclusivas: descontos e ofertas em produtos e serviços; divulgação de conteúdos exclusivos e comunicação de novas funcionalidades. (Enviada mensalmente)
Scrollar nas redes sociais é o acto mais passivo-agressivo que o ser humano descobriu desde o “estou quase a chegar” dito a quilómetros de distância do destino onde nos esperam. Em vez de enfrentarmos o que nos mete medo, passamos ao lado, fintamos o destino sem sabermos que é ele que nos está a fintar.
O DICIONÁRIO diz que, em termos informáticos, o scroll é a acção que permite deslocar na horizontal ou vertical a informação (texto, vídeo, imagens) num ecrã, usando o toque de forma a ver conteúdo adicional. Scrollar nas redes sociais é o acto mais passivo-agressivo que o ser humano descobriu desde o “estou quase a chegar” dito a quilómetros de distância do destino onde nos esperam. Em vez de enfrentarmos o que nos mete medo, passamos ao lado, fintamos o destino sem sabermos que é ele que nos está a fintar. Em vez de nos expormos ao que nos incomoda, fazemo-nos de sonsos e seguimos para a frente de olhos postos em nada. Vai-se subindo e descendo desajeitadamente, como quem folheia uma revista com imagens que desaparecem mal nos chegam aos olhos. Dizem que o Facebook agora é para os velhos, mas todos os outros – Instagram, Tik Tok – mais cedo ou mais tarde acabam por se transformar naquilo de que fugimos. A experiência é simples e repetitiva, mas apesar disso nunca nos parece igual: estamos sempre à espera de algo que finalmente nos faça parar, que esteja à altura daquilo que nem nós sabemos o que é, ou – a forma mais irónica de todas – que seja inspirador. Mas a promessa adia-se, e então continuamos. O scroll nunca se dá por vencido, porque funciona na base da falsa esperança. Os nossos dedos fazem o trabalho sujo, de baixo para cima, como se estivéssemos a tentar abrir uma gaveta cheia de tesouros. E de vez em quando lá achamos que encontramos algo: um gato que faz um salto extraordinário, uma receita de panquecas com aveia, ou a melhor maneira de apanhar moscas da fruta. Mas é tudo rápido e insustentável, pequenas dopaminas que evaporam mal começamos a ver o vídeo seguinte. E no fundo sabemos que não são aqueles os tesouros que procuramos; são lixo emocional reciclado, que já vimos muitas vezes mas que, de alguma forma, ainda nos parece novo.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.