O que a minha cabeça decidiu guardar não é o que eu esperava. Talvez esteja lá o resto, arrumado num canto escuro - mas não está à mostra, para que eu agarre.
Aquilo a que a nossa memória se agarra é um mistério. Somos surpreendidos pelos caminhos que nos levam ao passado, e pelo que ficou gravado como importante ou acessório. Há momentos da minha vida que eu acho que vão ficar para sempre; mas depois, como uma brisa inesperada numa noite quente, surgem pensamentos de outras coisas que tomaram o lugar da dianteira. O que a minha cabeça decidiu guardar não é o que eu esperava. Talvez esteja lá o resto, arrumado num canto escuro - mas não está à mostra, para que eu agarre. Lembro-me de uma coisa que me dava segurança na minha infância: eu, já na cama, a ouvir a minha mãe na casa de banho a desmaquilhar-se, a lavar os dentes, a preparar-se para ir dormir. Estava deitado, e a sentir que quem tomava conta de mim estava ali perto. Depois ela deitava-se, e eu punha no rádio despertador o temporizador para 30 minutos, e deixava numa estação que tinha um homem que ligava aos ouvintes para saber deles, fazer-lhes companhia, saber como estavam de saúde - conhecia-os pelo nome -, e por fim escolhiam a música que queriam ouvir naquela noite tão longa que ainda tinham pela frente. Às vezes era apanhado de surpresa, porque havia músicas que não correspondiam às vozes que as pediam.
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Através da observação da sua linguagem corporal poderá identificar o tipo de liderança parental, recorrendo ao modelo educativo criado porMaccobye Martin.
Ficaram por ali hora e meia a duas horas, comendo e bebendo, até os algemarem, encapuzarem e levarem de novo para as celas e a rotina dos interrogatórios e torturas.
Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.