ORGANIZAR UMA CABEÇA é coisa que dá trabalho. Há muita informação que foi lá ficando e que ainda está à procura de encontrar um sítio para se aninhar; e aí, enfim, talvez possa descansar em paz. Há outra que não se conforma com a ideia de esquecimento e faz corridas rápidas de uma ponta à outra, para não ser apanhada, para ficar visível de todos os ângulos. Mas o esquecimento pode ser a paz que faz falta a quem tem já muito guardado dentro da cabeça. Por muitas coisas que tenhamos a batalhar dentro de nós, há umas que não merecem lá estar, que tiveram de se fazer notar quando foi tempo disso, e que depois deveriam apresentar as sinceras desculpas, pedir licença, e desaparecer para nunca mais voltar. Para assentar arraiais devia ser exigida uma licença especial, uma burocracia tão complexa que ajudasse na gestão do pouco espaço que há para o tanto que quer entrar.