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Dois amigos, clientes maltratados pela banca, falam sobre a miséria dos juros nos depósitos. Um deles, mais conservador, procura consolo, mas não o encontra.
VISTE QUE O MÁRIO Centeno desancou os bancos por causa dos juros baixíssimos nos depósitos? Vi. Mas teve uma resposta pronta. Como assim? Bem, o presidente do BPI disse, talvez com ironia involuntária, que os juros refletem a concorrência. Mas como podem refletir a concorrência se há tantos bancos e os juros são tão baixinhos?! Porque os cinco maiores bancos valem perto de 90% do mercado. Está estudado que a margem da banca é tanto maior quanto mais alta é a concentração do mercado. Eles nem têm de se sentar à mesa para combinar preços. A coordenação é implícita. Mas os bancos mais pequenos praticam taxas melhores. Sim, porque têm menos recursos e precisam de atrair depositantes, mas isso não tem estragado o conforto aos grandes, que têm mais dinheiro lá depositado do que aquele que conseguem emprestar em crédito. Esses perguntam-se: porque havemos de pagar mais aos depositantes se o dinheiro deles continua a vir e nós nem precisamos assim tanto? O Centeno diz que eles têm uma obrigação social. Eles têm uma obrigação com os acionistas. E têm outra com o Banco de Portugal, o regulador deles, que até gosta de bancos sólidos, lucrativos e… grandes. E a Caixa? Não é um banco público? Não devia fazer mais? É 100% público e até é o maior banco. Quando começou a subir os juros em 2023, os outros foram atrás. Devia fazer mais agora, mas é gerida como um privado. Isso tem coisas boas, mas esta não é uma delas. Não contes muito com eles. Mas então o governador não tem razão? Ele faz bem em notar que a banca trata mal os clientes, desde logo porque é verdade. A taxa média em Portugal é das mais baixas do euro. Quando o BCE subiu os juros, os bancos foram lentos a aumentar as taxas dos depósitos – agora que o BCE está a cortar, os bancos já são rápidos a baixar. Alguns oferecem pouco acima de 0%, sabias? É porque há quem ponha lá o dinheiro… O Mário Centeno sabe que o que diz são palavras sem consequência imediata no comportamento dos bancos – e no das pessoas, que continuam a pôr lá as poupanças. Então o que se pode fazer? Estás disposto a assumir algum risco na tua poupança? Não! Então há pouco a fazer. Tens os bancos pequenos. Alguns oferecem perto de 3% de taxa anual bruta. Mas tenho medo que vão ao fundo. Para depósitos até 100 mil euros, o teu dinheiro está protegido pelo Fundo de Garantia público. E os Certificados de Aforro? Os que há agora oferecem no máximo 2,5%, mas com a queda da Euribor a 3 meses a taxa vai cair para perto das dos depósitos. E os PPR? Dão benefícios fiscais! Esquece. Três quartos dos PPR renderam menos do que a inflação na última década, ou seja, esse dinheiro todo perdeu poder de compra. Todos os que não têm risco são mesmo de fugir. Sobre isto e outras coisas de finanças pessoais tens de ler o boletim do David Almas – se não o conheces vai ao Google. Se calhar pego no dinheiro, compro uma casa e ponho-a a arrendar. Já muita gente fez isso. Mas com os preços a que as casas estão hoje vais precisar de cobrar uma renda bem alta para teres uma taxa de retorno decente. E lembra-te que há impostos e obras de manutenção. Já me estás a irritar. Desculpa, vamos mudar de assunto. Já viste os preços neste restaurante?!
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Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres